FLIP: Clarice fragmentada
O Estado de S. Paulo, Ubiratan Brasil, 02/07/2005
A estréia oficial de Clarice Lispector na literatura aconteceu em 1943, quando, aos 23 anos, ela teve publicado Perto do Coração Selvagem. Mas seu nome já circulava havia tempo, especialmente na imprensa, que publicou 16 contos em jornais e revistas, além de outros nunca editados. É esse material que alimenta o livro Outros Escritos (176 pp., R$ 30), lançado agora pela Rocco, aproveitando que Clarice é a homenageada da Festa Literária Internacional de Paraty. Clarice deixou uma obra ardente, enigmática e responsável por um movimento ficcional absolutamente novo, que despertou paixões. Ela sempre reconheceu o valor dos fragmentos, das anotações dispersas, no encorpar de sua obra. Se aparentemente desconexos em um primeiro momento, esses apontamentos podiam inspirá-la a construir uma unidade que resultaria em um conto ou mesmo um romance. "Os primeiros contos de Clarice, reunidos agora, trazem uma série de suas marcas registradas, como algumas temáticas que são freqüentes em sua obra: o relacionamento amoroso, o posicionamento da mulher diante do homem, os questionamentos existenciais", comenta Teresa que, ao lado do fotógrafo Luiz Ferreira, organizou outro lançamento da Rocco, Aprendendo a Viver Imagens (128 pp., R$ 38,50). São trechos pinçados das histórias de Clarice que ressurgem ao lado de uma compilação de fotos inéditas do acervo pessoal da família da escritora. Fonte inesgotável, a obra da escritora é tema ainda de Clarice Lispector com a Ponta dos Dedos (Companhia das Letras, 192 pp., R$ 35), em que a ficcionista e pesquisadora Vilma Arêas analisa os últimos anos da escritora.
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