Paixão de infância
PublishNews, 10/12/2004
Quando resolveu levar seus filhos ao circo, Luis Fernando Verissimo não imaginava que o dia acabaria mal. Mas acabou. Culpa da bendita partida de futebol entre cães. "A derrota dos cachorros de camiseta vermelha estragou o espetáculo e o dia para mim", confessou. A explicação está no coração do cronista: Internacional roxo - quer dizer, vermelho -, sempre acaba torcendo pela mesma cor de seu time. Este amor é tão forte que Verissimo foi convidado a escrever a história do colorado de Porto Alegre. Internacional - Autobiografia de Uma Paixão (Ediouro, 144 pp., R$ 29,90) é o novo volume da coleção Camisa 13. Com o talento que o faz um dos melhores cronistas do país, Verissimo narra a história do clube e a mistura com sua própria vida. As viagens, o casamento, os filhos e a trajetória profissional estão intimamente ligados às derrotas e vitórias do maior inimigo do Grêmio. A paixão começou aos dez anos, quando viu o Internacional jogar pela primeira vez. De lá para cá a arquibancada vermelha gritou e calou muitas vezes. O leitor irá acompanhar os períodos de glória e jejum do time que, na década de 40, era chamado de "rolo compressor". O autor relembra Os Eucaliptos - antigo estádio do Inter - e a construção do Beira-Rio; a hilária charge com o bumbum do jogador Figueroa, que resultou na suspensão do campeonato por uma semana; e a inauguração do Estádio Olímpico do Grêmio, quando Larry marcou quatro gols na vitória do Internacional por 6x2. Há também pessoas que se tornaram lendas, como o juiz Mr. Barrick; os mandarins (apelido criado por Verissimo para se referir aos assessores do técnico Daltro Menezes); e o torcedor Charuto - bêbado que ficava fazendo discursos intermináveis durante o jogo.
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