Paulo Henriques Britto fatura o Portugal Telecom
PublishNews, 10/11/2004
"Amo-te tanto, meu amor... não cante / O humano coração com mais verdade... / Amo-te como amigo e como amante / Numa sempre diversa realidade". Foi assim que a atriz Julia Lemmertz, ao lado de Nelson Motta, abriu a cerimônia de entrega do Prêmio Portugal Telecom de Literatura ontem à noite, 9 de novembro, na Sala São Paulo no centro da capital paulista. O evento prestava uma homenagem ao poeta Vinicius de Moraes, autor destes versos do Soneto do Amor Total, e contou com apresentações musicais de Carlinhos Lyra e Olívia Byington. Em seu discurso, o presidente da Portugal Telecom Brasil, Eduardo Correia de Matos, enfatizou a mudança do regulamento do prêmio nesta segunda edição, que trouxe critérios bem definidos de desempate para evitar impasses como o ocorrido no ano passado, quando Bernardo Carvalho, com Nove Noites, e Dalton Trevisan, com Pico na Veia, acabaram empatados em primeiro lugar . Mal sabia ele, que minutos depois, aqueles critérios seriam aplicados, estendendo o suspense da platéia para conhecer o vencedor do prêmio. As notas dos dez jurados que compunham o Júri Final foram anunciadas uma a uma, permitindo que o público acompanhasse a apuração. No final, duas obras empataram em primeiro lugar: O Vôo da Madrugada, de Sérgio Sant'Anna, e Macau, de Paulo Henriques Britto, ambos publicados pela Companhia das Letras. O critério de desempate era claro: ganharia aquele que tivesse sido escolhido como melhor livro pelo maior número de jurados. E aí, não deu para ninguém: o carioca Paulo Henriques Britto, cuja obra Macau foi escolhida a melhor de 2003 por quatro membros do júri, arrematou o troféu principal e o cheque de R$ 100 mil. O também carioca Sérgio Sant'Anna teve de se contentar com os R$ 30 mil do segundo lugar e o gaúcho Luís Antonio Assis Brasil embolsou R$ 20 mil pela terceira colocação, obtida graças a sua obra A Margem Imóvel do Rio, publicada pela L&PM. Mas o placar final ainda traz outras curiosidades. Em um honroso quarto lugar, ficou Marcelo Mirisola com seu romance Bangalô (Editora 34), seguido do concretista Décio Pignatari com sua obra Céu de Lona (Travessa dos Editores). Os demais concorrentes - incluindo os "favoritos" Budapeste, de Chico Buarque, e Mongólia, de Bernardo Carvalho - não foram selecionados por nenhum dos jurados, que tinham de escolher as três melhores obras de 2003. Finalizada a premiação, já era hora de pensar na próxima edição do Prêmio Portugal Telecom e pelo menos um escritor já lançou sua candidatura. "Espero estar de volta no ano que vem, quem sabe como um autor concorrendo ao prêmio", ironizou o apresentador Nelson Motta, autor do recém-lançado Bandidos e Mocinhas (Objetiva), ao finalizar a cerimônia.