Cartas que sobreviveram ao nazismo
PublishNews, 15/07/2004
Antes de Hitler subir ao poder, Lilli Jahn levava uma vida burguesa típica em uma pequena cidade no interior da Alemanha. Filha de uma abastada família judia e médica de formação, conquistou seu amigo e colega protestante Ernst Jahn, e com ele se casou em 1926. Juntos, os dois construíram uma clínica e tiveram cinco filhos. Mas com a ascensão do regime nazista, a vida de Lilli e de seus filhos ruiu. Em 1942, pressionado pelos nazistas, seu marido pede o divórcio. Sem a proteção conferida pelo casamento com um ariano, Lilli é presa pela Gestapo em 1943. Cerca de um ano depois morreria no campo de concentração de Auschwitz, deixando sozinhas quatro filhas com idades de três a 14 anos - seu filho mais velho Gerard, de 16 anos, servia na força aérea alemã. Na prisão, seu único elo com o mundo exterior eram as cartas que, clandestinamente, recebia e enviava aos filhos de dentro do campo. Com a morte de Gerard em 1998, a família descobre uma herança inesperada: o filho mais velho de Lilli guardara as mais de 300 correspondências. Escrito pelo jornalista Martin Doerry, neto de Lilli, Meu Coração Ferido (Objetiva, 378 pp., R$ 48,90) reproduz a extensa troca de correspondência entre ela, seu filhos, seu círculo de amigos e parentes, de meados de 1930 até sua morte. As cartas traçam um painel contundente da vida na Alemanha nazista e constituem um merecido tributo a uma mulher comum de extraordinária coragem. Meu Coração Ferido foi traduzido em 18 países e já vendeu mais de cem mil exemplares na Alemanha.
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