Livro Zero (Planeta, 215 pp., R$ 29,90) é o primeiro romance do diretor e roteirista carioca Alexandre Plosk. Trata-se de uma espécie de apropriação de Crime e Castigo, de Dostoiévski. Partindo do crime de Raskolnikov no original russo, o personagem de Plosk, ao que tudo indica, é o real assassino da velhinha usurária. Sem nenhuma dó, o jovem autor coloca seu personagem na cadeia, fazendo com que Charles Schwartz, um jovem e premiado publicitário, seja condenado a 25 anos de prisão. As circunstâncias do crime guardam um ar de mistério: a arma jamais fora encontrada e a motivação é um enigma para familiares e autoridades. No tempo encarcerado, Schwartz tem apenas um objetivo: ler os clássicos da literatura mundial para conseguir escrever sua própria obra. Quando se dá conta, já se passaram sete anos e aquele personagem obscuro, barbudo e enrugado é tido como uma espécie de sábio, um salvador adorado no presídio. Sua figura divide o presídio entre fiéis e infiéis. Demora até que o personagem aceite sua condição e passe a ser usado pela direção do presídio como fator para controle dos presos. Ao longo da história, surgem todos os personagens de Crime e Castigo.