Conspiração editorial
PublishNews, 09/03/2004
Cinco amigos se encontram em um café próximo à Avenida Paulista. Quatro homens e uma mulher; quatro brasileiros e uma argentina. E entre expressos e capuccinos, sob uma aura de conspiração, surge a Amauta. Seu mote: "Rompendo o muro de Tordesilhas". Mas não, caro leitor, não se trata de uma facção mafiosa ou de uma nova seita underground. A Amauta Editorial, criada por Alexandre Linares, João Carlos Ribeiro Jr., Marcelo Barbão, Stella Maris Baygorria e Vanderley Mendonça, nada mais é do que a mais nova pequena casa editorial do mercado brasileiro. Segundo Alexandre Linares, o objetivo da Amauta é "editar o novo, por mais velho que seja" e "atuar na publicação no espectro da literatura hispano-americana". O primeiro livro da editora, Crimes Exemplares (96 pp., R$ 20), do escritor espanhol Max Aub, se encaixa perfeitamente nesta proposta. A obra é uma coletânea de minicontos lançada originalmente em 1957. Cada texto, que pode ter de duas linhas a duas páginas, traz o relato, sempre em primeira pessoa, de um assassinato. Se a sinceridade da obra choca, sua frieza diverte – e a excelente tradução de Vanderley Mendonça só tem a contribuir para isto. O mais curioso é que Max Aub, que passou metade da sua vida no México, declarou certa vez que encontrou inspiração para compor os relatos "na própria imprensa mexicana, que mostra histórias tremendas, que dariam uma novela". E olha que o autor não conheceu o saudoso Notícias Populares paulistano... O lançamento do livro será na próxima quinta-feira, dia 11 de março, às 19h, na Livraria Belas Artes (Av. Paulista, 2448, São Paulo). Como o autor faleceu em 1972, os editores organizaram um sarau para substituir a "noite de autógrafos". Entre os que lerão trechos da obra de Max Aub estão os escritores Mario Bortolotto, Marçal Aquino, Ivana Arruda Leite e o onipresente agitador literário Marcelino Freire.
[09/03/2004 00:00:00]