A poesia de Sá-Carneiro sob o olhar de Fernando Paixão
PublishNews, 13/11/2003
Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa foram amigos íntimos e responsáveis pela revolução modernista que sacudiu a literatura de Portugal, a partir da primeira metade dos anos 1910. Quase um século depois, porém, praticamente toda a atenção dos críticos se volta para a obra pessoana, deixando em segundo plano a trajetória do "Esfinge gorda", como era conhecido entre os amigos o autor de Dispersão e Confissão de Lúcio. Mário de Sá-Carneiro nasceu em Lisboa, em 1890, e descobriu desde cedo na poesia uma potencialidade de alto risco. Seus escritos já prenunciavam desde a adolescência um universo dramático que a produção posterior só iria confirmar e radicalizar, culminando com o suicídio em Paris aos 26 anos de idade, em 1916. Vivendo seus últimos anos na capital francesa, acompanhou de perto a efervescência vanguardista, mas continuou com o coração voltado para a sua terra e seus amigos, sobretudo Fernando Pessoa. Em Narciso em sacrifício (Ateliê Editorial, 136 pp., R$ 20), o poeta e editor Fernando Paixão apresenta uma fecunda reflexão sobre a obra desse autor e seu contexto literário, focalizando-o sob a ótica da poesia moderna. Desse modo, entramos em contato com uma poética altamente original, de forte brilho metafórico, culminando em uma estética sensacionista, voltada para registrar um jogo de sensações e rodopios que dizem respeito a um drama existencial mais amplo. O lançamento de Narciso em sacrifício será hoje (13 de novembro), em São Paulo, na charmosa Livraria Boa Vista (av. Brigadeiro Faria Lima, 2007, tel. 11-3031-4158), a partir das 18h30.
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