Uma história nada silenciosa
PublishNews, 01/10/2003
Ninguém sabe ao certo o que teria destruído a famosa biblioteca de Alexandria, apagando da memória coletiva da humanidade a maior parte da literatura e da ciência produzida na Grécia Antiga. Talvez tenha sido um incêndio provocado para afugentar invasores; talvez um atentado planejado por cristãos fanáticos; talvez o puro e simples abandono de livros que já não tinham lugar na cultura. Seja como for, o desaparecimento daquela famosa coleção ilustra bem a tese central do livro A Conturbada História das Bibliotecas (Planeta, 240 pp., R$ 42), de Matthew Battles. Armazenando enormes quantidades de livros num único local, as bibliotecas acabam transformando-se em alvos fáceis para os inimigos da civilização que as obras, em um certo sentido, contêm. Esse padrão de destruição cultural repetiu-se em tempos e lugares muito diferentes. O mesmo imperador que construiu a Muralha da China foi acusado de aniquilar toda a literatura ligada aos governantes que ele havia derrotado. Neste século, ficaram famosos os expurgos feitos pelos nazistas nas bibliotecas da Alemanha, queimando livros publicamente. A história das bibliotecas, portanto, em pouco reflete o silêncio e o imobilismo de volumes armazenados em estantes. É, na verdade, uma história cheia de sobressaltos, ódios e conflitos, que Matthew Battles, funcionário da Houghton Library, onde fica a coleção de obras raras de Harvard, conta de forma técnica e cativante.
[01/10/2003 00:00:00]