Poesia sem preguiça
Folha de S.Paulo, Manuel da Costa Pinto, 09/08/2003
A editora Hedra acaba de lançar o selo de poesia A Preguiça Editorial. Não é fácil compreender a razão desse nome. O release faz uma vaga referência ao bicho-preguiça, associando-o a um suposto "ritmo brasileiro". De minha parte, associo essa preguiça editorial à "macchina pigra" de Umberto Eco, para quem todo texto é uma máquina preguiçosa que exige que o leitor realize uma série de operações interpretativas, sem as quais seu significado seria parcial, ininteligível ou mesmo equivocado. A definição do ensaísta italiano vale para todo tipo de texto, mas é especialmente pertinente para a poesia, gênero no qual cada palavra adquire um sentido específico, uma autarcia semântica. E são essas ilhas de significação que observamos nos primeiros volumes do selo: O Sobrevivente (56 pp., R$ 10), de Fabrício Corsaletti, Azul Escuro (56 pp., R$ 10), de Alexandre Barbosa de Souza, e Descort (80 pp., R$ 10), de Dirceu Villa.
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