Assanhos na cultura
?poca, Delmo Moreira, 13/01/2003
Gilberto Gil deve seu cargo de ministro da cultura a Frei Betto. Foi a reação do escritor à indicação de Gil, engrossando um coro de aborrecidos artistas e intelectuais petistas, que acabou obrigando Lula a botar suas fichas no cantor baiano. O presidente confirmou um convite que nem sequer tinha feito. O encontro de Lula com Gil em 14 de dezembro, na Granja do Torto, não tinha intenções conclusivas. Lula, ainda sem nome definido para o posto, convocou o cantor para uma conversa exploratória. Num dado momento, resolveu conferir também a disposição de Gil em participar do governo. Mas convite específico não houve. Gil não entendeu assim. Na saída da reunião, anunciou que Lula lhe oferecera o ministério. De olho no cargo, o grupo de artistas responsável pelo programa cultural de Lula se ouriçou. Frei Betto, amigo de Lula, tomou a frente do pelotão: "Gostaria que o ministro fosse indicado pelo grupo que há 13 anos elabora a política cultural do PT". Chegou até a lançar o nome de Antonio Cândido e jactou-se de um suposto papel multifuncional no novo governo: Como homem de confiança do presidente, circularia por todos os ministérios, palpitando sobre todos os assuntos. Lula não gostou. "Agora, vou de Gil ou vão dizer que Frei Betto manda em mim", irritou-se o presidente.
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[13/01/2003 01:00:00]