Efeito Flip na Lista de Mais Vendidos do PublishNews desta sexta-feira (2): a Prêmio Nobel de Literatura Annie Ernaux voltou à lista com quatro livros, dois deles aparecendo pela primeira vez, O jovem e O acontecimento. Outros dois retornam à lista, O lugar e Os anos. Todos foram publicados no Brasil pela Fósforo e estão na lista de Não ficção. O pódio Geral permanece o mesmo da semana anterior: Colleen Hoover (com É assim que começa e É assim que acaba, Galera Record) e Ilko Minev, Nas pegadas da alemoa (Buzz). Em O jovem, Annie Ernaux dá conta, em poucas páginas, de uma miríade de temas e afetos ao relembrar o relacionamento que teve, aos 54 anos, com um estudante 30 anos mais novo. Já em O acontecimento, a escritora conta com a ajuda de entradas de seu diário e de memórias para reconstruir seu périplo solitário para realizar um aborto clandestino. Outra novidade é a estreia do selo Alt, da Globo Livros, que emplacou o livro Ela fica com a garota, de Rachael Lippincott e Alyson Derrick, na categoria Infantojuvenil – uma história sobre relacionamentos LGBTQIAP+ na juventude. Clique no Leia mais para ler a matéria completa.

Em março, recebi um e-mail da Feira Internacional do Livro de Guadalajara me convidando a me inscrever no programa de fellowship, que, no ano de 2022, seria voltado às editoras infantojuvenis. Uma das prerrogativas para inscrição era que a editora nunca tivesse participado da feira. Sempre tive bastante curiosidade de visitar a FIL, então me inscrevi. Em junho, outro e-mail – fui aceita no programa. O programa de fellowship de Guadalajara custeia a passagem de forma quase integral e a estadia durante os cinco primeiros dias da feira – dedicados aos profissionais da área – e prepara uma rica programação para os editores. Em contrapartida, as editoras compram uma mesa no Rights Center. Cheguei a Guadalajara na sexta-feira, 25 de novembro, à tarde. No sábado de manhã, dia do início da feira, encontrei, no lobby do hotel – junto com o Uriel, que seria nosso guia – outros seis participantes do fellowship: Alise Nigale, da Letônia (Liels un Mazs); Anze Mis, da Eslovênia (Mis d.o.o); Jenni Erkintalo, da Finlândia (Etana Editions); Katalin Vás, da Hungria (Móra Publishing House); Valentina Mai, da Itália (Kite Edizioni); e Valérie Picard, do Canadá (Monsieur Ed). Foi uma seleção especial. As pessoas eram incríveis, e o grupo se conectou desde o primeiro dia. Ficamos muito à vontade uns com os outros e demos boas risadas. Clique no Leia mais para conferir a experiência completa de Carolina no fellowship.

Quando o editor Sidney Gusman subir ao palco da CCXP neste sábado (3) para apresentar o Painel de 10 anos do selo Graphic MSP, o clima certamente será de emoção. Ainda na sexta-feira (2), no painel geral da Mauricio de Sousa Produções no evento, ele já anunciou os próximos títulos do selo para 2023: Mônica 3, de Bianca Pinheiro, Jeremias 3, de Rafael Calça e Jefferson Costa; a estreia de Magali, de Carol Rossetti; Xaveco, de Guilherme de Sousa e Do Contra, por Yoshi Itice. Em outubro de 2022, a Graphic MSP comemorou dez anos com 36 títulos lançados pela Panini Comics, com histórias de autores do mercado independente convidados a reinterpretar os personagens de Mauricio de Sousa. De acordo com estimativas, são cerca de 800 mil exemplares vendidos. As Graphics MSP também resultaram em dois filmes da Turma da Mônica (Laços e Lições) e estão em processo de produção uma série animada do Astronauta e outra em live-action do Jeremias. Nesta entrevista ao PublishNews, concedida pouco antes de Sidney chegar à CCXP na quarta-feira (30), o editor refletiu sobre os dez anos do selo e compartilhou um pouco de como serão os eventos do fim de semana. Clique no Leia Mais para ler na íntegra.

A Advocacia-Geral da União pediu ao Supremo Tribunal Federal autorização para o governo federal editar uma Medida Provisória e abrir crédito extraordinário de R$ 3,9 bilhões para garantir os recursos da Lei Paulo Gustavo, possivelmente ainda em 2022. A Lei pode ter impacto também no mercado editorial e em profissionais do livro, leitura e literatura. Na quinta-feira (1º), a Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei Complementar (PLP) 112/22, que prorroga até o final de 2023 o prazo para que estados, Distrito Federal e municípios executem os recursos federais previstos na Lei Paulo Gustavo. A Lei prevê o pagamento de R$3,86 bilhões para estados e municípios movimentarem o setor cultural após as perdas impostas pela pandemia. “Livro, leitura e literatura” é uma das categorias aptas a se inscrever nos futuros editais, chamamentos públicos, prêmios, aquisição de bens e serviços e outras formas de seleção pública que serão utilizadas para dar acesso aos recursos. Clique no Leia mais para ler a íntegra desta nota.

Na semana seguinte à Flip, as notícias sobre literatura desaceleraram nos principais jornais. Um destaque da semana foi a declaração de Helena Bonham Carter publicada pela Folha, na qual a atriz defende a autora da saga juvenil Harry Potter, J. K. Rowling, da ‘cultura do cancelamento’. A escritora e criadora da saga do bruxinho coleciona diversas declarações polêmicas, entre elas algumas envolvendo a comunidade LGBTQIA+, e divide a opinião dos fãs. No jornal O Dia, a manchete de literatura chamou a atenção para a ‘bicicleta de livros’ que rodou pelas ruas de Paraty durante a Flip, promovida pela Primavera Editorial. O Estadão resolveu focar numa discussão latente no mercado editorial: a fracassada fusão da Simon & Schuster com Penguin, em uma matéria traduzida do The New York Times. A Folha destacou a morte da cartunista, Aline Kominsky-Crumb, e mais três lançamentos: Dias de Areia, Euclides da Cunha, uma biografia e Homo Modernus. O Globo publicou uma nota sobre a descoberta de manuscritos de Hegel na Alemanha e um lançamento, o livro Confiança, sucesso de Hernan Diaz que apareceu na lista dos dez melhores livros do ano pelo The New York Times. O Valor levantou uma pergunta aos leitores: Tudo já foi feito com o romance literário? Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

O Prêmio Aberst de Literatura – realizado pela Associação Brasileira de Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror – anunciou na última semana os vencedores da sua quinta edição. O prêmio foi criado com o objetivo de reconhecer as melhores obras desses gêneros, escritas por autores brasileiros publicadas no país. A obra independente Bom dia, você vai morrer, de Flávio Karras, venceu em duas categorias: Projeto gráfico e Narrativa longa de terror. Em Quadrinhos de crime ou terror, o escolhido foi Babalon – as mulheres escarlate (Draco), escrito por Jessica Borges, Camila Suzuki, Ana Lúcia Merege e David Arievilo e ilustrado por Roberta Cirne, Gabriela Rangel, Lara Lobo e Caroline Jamhour. Já em Narrativa longa de suspense, os dois premiados foram Maldita seja Eva, de Julie Pedrosa e Quando os mortos falam, de Cláudia Lemes. O Gran Aberst 2022 ficou com a obra Se eu morresse amanhã, de Fabiana Ferraz, um romance noir, combinando contrabandistas, assassinato, política, intriga e mistério, tudo envolto pelo espírito da cidade do Rio de Janeiro dos anos 1950 e seus aspectos mais sombrios. Clique no Leia mais para conferir a íntegra desta nota.

O Skeelo, aplicativo focado democratização da leitura, e o Clube de Autores, primeira plataforma gratuita de auto publicação criada na América Latina, firmaram uma parceria inédita no país. A iniciativa acrescenta ao portfólio do Skeelo mais de 50 mil títulos de ebooks do Clube de Autores. Criado em 2009, o Clube de Autores já congrega mais de 75 mil títulos de aproximadamente 50 mil autores, aumentando em média em 50 novos títulos a cada dia. O Skeelo, por sua vez, nasceu em 2019 com o propósito de equacionar as limitações de acesso aos livros atrelados aos graves problemas de distribuição de renda e baixa capilaridade do varejo tradicional dos livros num país continental como o Brasil. “A parceria com o Clube de Autores marca a abertura do portfólio disponível em nossa plataforma ao fenômeno do setor de auto publicação, que começou com os blogs e vem crescendo e ganhando cada vez mais leitores nos últimos dez anos. Desta forma, o Skeelo amplia ainda mais sua missão de democratizar a leitura, disponibilizando um acervo de títulos ainda maior”, declara André Palme, CCO (Chief Content Officer) do Skeelo, em nota. O portfólio do Clube de Autores é distribuído em 15 categorias, que vão da ficção e não-ficção a livros de poesia, didáticos, autoajuda, técnicos etc. Acesse o app Skeelo clicando aqui. Clique no Leia mais para conferir a nota na íntegra.

Neste final de semana, Camila Sosa Villada, uma das cinco escritoras mais vendida da Flip, participa de eventos em São Paulo e Rio de Janeiro. Após o sucesso das mesas na Festa Literária Internacional de Paraty, a autora de O parque das irmãs magníficas (Tusquets) participa neste sábado (3), às 16h, de um bate-papo sobre a obra na Janela Livraria (Rua Maria Angélica, 171 - loja B - Jardim Botânico, Rio de Janeiro / RJ). No domingo (4), às 15h, ela conversa com Amara Moira na Livraria Megafauna (Av. Ipiranga, 200 - loja 53 (Copan) – São Paulo / SP) com mediação da jornalista Adriana Ferreira. Em seu novo livro Sou uma tola por te querer (Tusquets), a escritora argentina mescla a realidade, muitas vezes terrível, de personagens marginais ao imaginário, com boas doses de realismo mágico. Na obra, Camila é capaz tanto de assumir a voz de uma vítima da Inquisição mexicana quanto de construir um universo distópico, em que a existência travesti se tornou sua mais forte vingança.

O lançamento do livro Saudade não viaja bem, escrito pela jornalista Lu Lacerda e publicado pela Editora Record, ocorre neste domingo (4) às 17h, na livraria da Travessa do Shopping Leblon (Avenida Afrânio de Melo Franco, 290 – Rio de Janeiro / RJ). Em bate-papo com a também jornalista Renata Ceribelli, a autora contará curiosidades sobre seu romance de estreia, desde sua relação com familiares vítimas de alcoolismo e outros temas fortes. “Há romances de estreia que não parecem romances de estreia. É o caso de Saudade não viaja bem. Sua voz narrativa conduz a história com tanta fluência que mesmo escritores tarimbados teriam trabalho para atingir igual frescor e autenticidade”, declara o editor Rodrigo Lacerda. O livro narra os momentos mais impactantes da vida de Maria Clara, que ainda jovem deixou sua família na fazenda e foi morar com uma tia na cidade grande. Com uma narrativa não cronológica, o leitor passeia pela memória afetiva da personagem principal, vivendo com ela experiências de sua infância, frutos do alcoolismo da mãe, a fortaleza que era sua avó e o carinho pouco verbalizado do pai.

O renomado chef de cozinha e apresentador do Masterchef Brasil, Henrique Fogaça, lança no sábado (3), na Livraria da Vila no Shopping Iguatemi Ribeirão Preto, seu livro O mundo do sal: história, cultura e receitas do chef Henrique Fogaça, pela editora Essential Idea. A obra relata o protagonismo do sal na cultura, economia, política, crenças, religiões, saúde e nas diferentes culinárias do mundo em 5 mil anos da história. Aberta ao público, a sessão de autógrafos acontece a partir das 19h na Livraria da Vila do Shopping Iguatemi Ribeirão Preto. Com 198 páginas, o Master Chef e o jornalista Rogerio Ruschel exploram a contribuição gastronômica e as curiosidades desse ingrediente tão valioso que serviu de moeda, criou estradas e cidades, financiou guerras e garantiu a economia de impérios. Para completar esta viagem gastronômica, são apresentadas 45 receitas criadas pelo chef, onde o leitor vai aprender a fazer saladas, carnes, peixes, camarões, risotos, legumes, batatas, filés, costelas e assados, bruschetas, drinks, geleias, pães, cremes, pancettas, omeletes, burratas, croques, caldas, granolas, queijos, confitados, rabanadas e sobremesas. E algumas das receitas podem ser acessadas em vídeos via QR Code.

Em Minha irmã e eu (Planeta, 205 pp, R$ 49,90), a educadora Anielle Franco escreve sobre a saudade e as lembranças que têm de sua irmã, a vereadora Marielle Franco, que foi assassinada no dia 14 de março de 2018. A obra traz um relato sobre a falta que a irmã faz a ela e detalha a relação das duas na infância e na adolescência. Em um exercício de recordar e reviver histórias que, até agora, ninguém teve acesso, Anielle revisita as memórias que compartilhou com a irmã na Maré, onde cresceram; os dias após o assassinato; a tristeza dos pais; a comoção popular e a repercussão nacional e internacional do caso. Ela também escreve sobre a força necessária para continuar seguindo após a tragédia, cujas investigações até hoje não apontaram o mandante das mortes de Marielle e de seu motorista, Anderson Gomes. A publicação reúne ainda fotografias de família e ilustrações. A quarta capa do livro é assinada pela atriz Taís Araújo, e o prefácio, pela jornalista Maju Coutinho. Anielle também é diretora do Instituto Marielle Franco, criado pela família da vereadora.

A premiada historiadora Mary Del Priore apresenta em Tarsila (José Olympio, 144 pp, R$ 59,90) uma biografia breve de uma das artistas mais geniais do modernismo. Criadora de pinturas icônicas, que se confundem com uma estética canônica da representação do Brasil – a paisagem, a gente, as festas, o trabalho e os costumes –, Tarsila do Amaral é um dos nomes mais aclamados na história da arte brasileira e, ao mesmo tempo, um vulto cuja vida íntima é pouquíssimo conhecida. Criada em uma família conservadora, dona de terras no interior de São Paulo, Tarsila rompeu, no início do século XX, as barreiras do moralismo de sua época para se tornar uma artista mundialmente conhecida. Engana-se, porém, quem acha que ela teve uma vida apenas gloriosa. Desilusões amorosas e traições, ataques à sua arte e à sua honra, julgamentos reacionários à sua tentativa de romper com a vida burguesa e até mesmo acusações de que seria colaboradora da polícia política de Getúlio Vargas são indicações da coleção de infortúnios que a assombraram em vida. A narração desta biografia alia o lirismo da contação de histórias ao rigor da pesquisa em arquivo, e vai trazendo, aos poucos, sabores que sustentam um perfil incomum da modernista.

Em 23 de maio de 2022, o jovem aventureiro brasileiro Jesse Koz, influenciador digital com mais de 1,5 milhão de seguidores, morreu tragicamente nos Estados Unidos a poucos dias de alcançar o seu grande sonho: chegar ao Alasca a bordo de seu antigo fusca, na companhia do seu cão, um belo golden retriever de nome Shurastey. O que poucos sabem é que ele havia deixado um livro escrito, contando sua história de vida e suas viagens – em especial aquela que fez para o sul da América do Sul, e que estava para ser publicado. Agora finalmente chegará às mãos dos leitores Minha jornada com Shurastey (Belas Letras e O Viajante, 264 pp, R$ 69,90). O livro, com colaboração de Zizo Asnis, escritor e editor, é uma homenagem póstuma a um rapaz corajoso que não hesitou em ir atrás de seu sonho e aproveitar a vida, apesar de todas as adversidades. É também uma história de amizade entre um jovem e seu cachorro. Jesse e Shurastey viveram intensamente, juntos, até o fim, o trágico fim que foi amplamente noticiado por todo Brasil. Antes de percorrerem a América do Norte, onde aconteceu o acidente, Jesse e Shurastey se aventuraram pela América do Sul, passando pelo sul do Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Paraguai, cruzando a lendária região da Patagônia e tendo Ushuaia, o ponto mais meridional do continente, como grande destino.

Um rei que teve seis esposas e duas delas foram decapitadas: o caso é único nas monarquias ocidentais. Mas o fato aqui vai muito além dos assuntos matrimoniais do "Barba Azul de Hampton Court", como era conhecido o rei Henrique VIII (1491-1547). Suas atitudes estão na origem das reformas religiosas e políticas nas quais a Inglaterra atual ainda vive. É este personagem e o contexto em que reinou que o historiador francês Georges Minois apresenta em sua obra Henrique VIII (Editora Unesp, 482 pp, R$ 94, Trad.: Nícia Adan Bonatti). O rei foi um déspota em um país que nunca aceitou o absolutismo; ele foi um papa para súditos que sempre rejeitaram a autoridade de Roma. Em uma Inglaterra em plena mutação, saindo da Guerra das Rosas, o rei sabia usar o Parlamento para seus propósitos. Contando com os representantes das classes médias, ele lançou as bases para uma reforma religiosa, a reforma “Henriciana”, que sua filha Elisabeth iria transformar em anglicanismo. Fora, ele executou uma sutil política de equilíbrio entre Carlos V e François I, foi um príncipe renascentista, um verdadeiro "pai da Marinha Real" e o fundador de uma burocracia eficiente. O homem era temível em todos os campos, sua paixão por dominar eclodiu em execuções, que eram, para ele, um método de governo. Sob seu reinado, a Torre de Londres viu muitas cabeças saltando. As de Thomas More e Ana Bolena são apenas as mais ilustres. Henrique VIII, autor de um tratado teológico, jogador obstinado, fundador de uma religião, amante das guerras e das festas, confiscador dos bens dos mosteiros, é muito mais do que o rei com seis mulheres, como demonstra Minois, com sua envolvente prosa límpida e solidamente fundamentada.