James Daunt, capitão de duas gigantes do varejo de livros nos EUA e no Reino Unido, foi um dos destaques da programação virtual da Feira do Livro de Frankfurt nesta quarta-feira (14). Na conversa que teve com Porter Andersen, editor-chefe do Publishing Perspectives, Daunt fez um retrospecto da recente crise provocada pela pandemia do novo coronavírus e quais as medidas que tem adotado para suavizar essas perdas tanto na britânica Waterstones quanto na americana Barnes & Noble. Daunt disse que o fechamento das lojas por conta da pandemia foi “devastador” para as redes comandadas por ele. Ele defendeu que um dos segredos para driblar os efeitos da pandemia tem sido a sua força de trabalho. “Um dos segredos é o time de profissionais sensíveis, trabalhadores e responsivos a isso. Temos uma sorte extraordinária com isso e acho que a pandemia nos mostrou como nossos livreiros são bons”, disse. Ele comentou que tem feito remanejamentos constantes de pessoal para que todas as partes do negócio funcionem. “À medida que as vendas nas livrarias físicas caem, precisamos que o on-line apareça”, comentou. Uma das apostas ainda para 2020 está, claro, nas vendas de Natal. Daunt disse estar confiante. Espera suavizar a concentração de pessoas em lojas nos finais de semana investindo forte em compras antecipadas em filas menores, com caixas mais ligeiros. Clique no Leia Mais e confira a íntegra desta nota.

Quem abriu a programação da Frankfurt Conference da última quarta-feira (14) foi a escritora Bernardine Evaristo, convidada também para abrir a Flip 2020 e vencedora do Booker Prize do ano passado. Ela estava ali para ajudar editores de todo o mundo a repensar a diversidade no seu métier. E ela foi direta ao recomendar que eles alterem radicalmente a demografia de seus funcionários e publiquem uma variedade saudável, inclusiva e diversa de bons livros escritos por escritores diversos e pensados para leitores igualmente diversos. Bernardine enfatizou o caráter econômico desse argumento. “Não se trata de diversidade como caridade ou filantropia”, disse. “Quando meu romance sobre a feminilidade britânica negra [Garota, mulher, outras, aqui recém-publicado pela Companhia das Letras] pôde alcançar os mercados de massa – incialmente influenciados pelo Booker Prize, mas posteriormente por meio do boca a boca – provou-se que todos os tipos de literatura e vozes podem ser comercialmente viáveis”, disse. “Precisamos de todo tipo de escritor escrevendo todo tipo de livros, em todos os gêneros”, reafirmou. Clique no Leia Mais para ter acesso à íntegra desta nota.

Frankfurt entra na sua reta final. Nesta sexta-feira (16), um dos destaques é o encontro promovido pelo International Board on Books for Young People (Ibby), que reunirá as consequências do coronavírus na promoção da leitura. Também na sexta, acontece a sessão especial do The Hof – a programação que une música, debates e drinks, emulando o que acontece no Frankfurter Hof, o hotel que se tornou um tradicional ponto de encontro de profissionais depois que os pavilhões da Feira se fecham. O tema será Trends and News in International Publishing e será comandado por Porter Anderson. No sábado (17), acontece o Bookfest, com uma programação voltada para o público final que reunirá nomes como Margaret Atwood, Edward Snowden, Elizabeth Gilbert, Don Winslow, Eliot Weinberger, Slavoj Žižek e Jamie Oliver. Também no sábado, a literatura indígena brasileira terá espaço na programação de Frankfurt. Os escritores Daniel Munduruku e Mauricio Negro conversam com a cineasta e escritora Rita Carelli sobre o assunto. Clique no Leia Mais para conferir o serviço de cada um destes eventos.

Dando continuação a série de conversas com os cinco Jovens Talentos 2020/2021, André Argolo recebeu esta semana no PublishNews Entrevista, Kim Doria, responsável pela comunicação da editora Boitempo. Formado Comunicação Social com habilitação em Cinema, Kim está há quase 10 anos na Boitempo. Ele entrou como assistente de comunicação e desenvolveu vários projetos desde então, com destaque para os grandes eventos que já conseguiram reunir milhares de pessoas. Um desses casos de sucesso foi com a escritora e ativista Angela Davis, que em agosto do ano passado veio ao Brasil participar do Seminário Internacional Democracia em Colapso e movimentou inúmeros leitores em todos os dias que esteve presente no país. Sobre o trabalho dentro de uma editora e no mercado editorial em geral, Kim compartilhou suas crenças e valores. “Percebo que existe essa tendência, que eu acho muito saudável, que é de uma comunicação muito intensa entre os departamentos”, disse, lembrando de um texto escrito por Daniel Lameira que falava exatamente da importância das editoras reconhecerem a necessidade de interligamentos entre seus departamentos. Da quase uma década de trabalho no mercado editorial, ele também tirou alguns ensinamentos. “Se tem valores que eu acredito muito é da cooperação e da percepção de que ninguém está isolado. Não tem nenhuma editora que está sozinha na crise que a gente tá passando, não tem nenhuma livraria sozinha, nem autores, profissionais do livro, tá todo mundo passando pela mesma coisa”, disse. “Acho importante a gente ter essa noção da cooperação e de como estamos todos enfrentando problemas semelhantes”. Clique no Leia Mais para ter acesso à íntegra desta nota e assistir ao programa.

O Prêmio Aeilij, concedido pela Associação dos Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil aos melhores livros de literatura para a infância e a juventude, abriu as inscrições para sua edição de 2021. Até o dia 15 de janeiro, autores brasileiros ou residentes no país, maiores de 18 anos, que tenham obras publicadas em primeira edição nos anos de 2019 e 2020, podem realizar suas inscrições. Os concorrentes estão divididos em quatro categorias, de acordo com o gênero a que o texto pertence ou ao tipo de autoria correspondente: Texto Literário Infantil, Texto Literário Juvenil, Adaptação ou Reconto e Conjunto de Ilustrações. Livros com mais de dois autores (coletâneas), ou com mais de um autor de ilustrações não serão aceitos. Os vencedores receberão um selo de excelência e um troféu a ser entregue em evento comemorativo anunciado oportunamente. O regulamento completo está no site do prêmio.

Até este sábado (17), o Senac São Paulo realiza a 5ª Semana Senac de Leitura seguindo a temática Diversidade: muitas formas de ler e aprender o mundo. Como forma de incentivar a leitura, o evento on-line conta com palestras e bate-papos relacionados a grupos minorizados, relações étnico-raciais, produções periféricas, representatividade, acessibilidade e biblioterapia. Nesta quinta (15), às 15h, Aurora Seles, professora do Senac Lapa Scipião, mediará um bate-papo com um grupo de mulheres que, tendo como pano de fundo a palavra, debaterão suas dificuldades e conquistas. Nesta sexta (16), às 16h30, a partir de escritos de Carolina Maria de Jesus e dos Racionais MC’s, entre outros, o mediador Heitor Botan conduzirá um bate-papo sobre Direitos Humanos e a literatura periférica. E no dia 17, às 11h, a conversa será sobre a importância da leitura na saúde mental. Para participar não há necessidade de inscrição prévia e para conferir a programação completa é só clicar aqui.

Wislawa Szymborska (1923 - 2012), Prêmio Nobel de 1996, encantou o mundo com seus versos afiados, que misturam rigor formal, pitadas de ironia e tom levemente coloquial. Depois dos festejados Poemas (2011) e Um amor feliz (2016), ela escreveu Para o meu coração num domingo (Companhia das Letras, 344 pp, R$ 74,90), que reúne 85 poemas que tratam de experiências cotidianas, amor, sonhos, morte, filosofia, mitologia, história e antropologia, sempre com o olhar curioso, generoso e bem-humorado da autora. O volume é organizado por Regina Przybycien e traduzido por Gabriel Borowski.

Na obra Casa (Leme / Impressões de Minas, 59 pp, R$ 40), novo livro de Mário Alex Rosa, o autor procurou trazer uma experiência diferente da forma habitual com que costuma exercitar seus poemas: os textos são curtos e escritos em apenas três versos. Casa foi escrito durante meses de confinamento num apartamento, obedecendo rigorosamente a quarentena. A mistura de uma tristeza com reflexões sobre uma única pergunta – o que fazer? – fez com que Mário olhasse para dentro de si e da casa, e observasse as partes e o todo desse espaço e ambiente em que moramos e que nem sempre é tão observado. O livro conta com ilustrações de Wallison Gontijo, feitas em nanquim. A edição apresenta, ainda, sobrecapa, impressa em papel vegetal, com a planta baixa de uma casa feita pelo arquiteto João Diniz, e projeto gráfico de Elza Silveira.

Corpo e alma, doença e saúde, medo e desejo, perdas e ganhos, sonho e fantasia caminham juntos e vão aos poucos formando um mosaico vívido de sensações, gestos, sentimentos, sabores e emoções, captados pela antena sensível de Edith M. Elek. Em Pedaço de mim (7 Letras, 80 pp, R$ 38), a jornalista e escritora compartilha com o leitor mais do que a construção poética. Escritos em diferentes momentos da vida, seus versos traduzem as marcas do tempo, de cada passagem; transformam em eterno o que parece efêmero, seja um domingo antigo, uma relação amorosa, uma saudade ou até mesmo um orgasmo, pequena morte que nos desperta com urgência para o êxtase e a plenitude da vida, enquanto seja.

Ancestral (Âyiné, 356 pp, R$ 79,90 – Trad.: Valentina Cantori) é o primeiro livro da escritora italiana Goliarda Sapienza publicado no Brasil. Escrito na década de 1950, o livro de poemas foi lançado na Itália apenas em 2013. Pouco conhecida até mesmo em seu paı́s, Sapienza não viu suas obras serem publicadas devidamente – o reconhecimento veio só depois de sua morte em 1996, quando seus livros foram descobertos por um editor francês. A morte da mãe foi o gatilho para Sapienza escrever Ancestral. Seus poemas percorrem um passado individual cronologicamente datado — o da autora —, que remete à memória da infância, aos afetos, à paisagem da Sicı́lia, mas, ao mesmo tempo, é o registro de uma atemporalidade coletiva: Sapienza mergulha nas profundezas do verso, escancarando pulsões e conflitos, e se entrega à percepção, sem julgá-la.