Vagalume nasceu em 1877, filho de mãe negra e integrante de uma família de trabalhadores de baixa renda. Cronista da cultura urbana carioca, destacou-se como um dos primeiros jornalistas a registrar as manifestações musicais populares no Rio de Janeiro. Em 1933, publicou Na roda do samba, considerado o primeiro livro dedicado ao tema e uma obra fundamental para o estudo da cultura negra e do samba. Ainda assim, pouco se sabe sobre sua vida além dessa publicação.
“Foi com certa surpresa que, ao desenvolver uma pesquisa sobre os clubes dançantes negros no Rio de Janeiro das primeiras décadas do século XX, percebi que o Vagalume havia sido, ao longo da Primeira República, um agente fundamental do processo de afirmação de uma musicalidade negra e diaspórica que acabaria por dar forma ao samba”, explica Leonardo. “Ficava claro que, mais do que o autor de um livro sobre o samba, ele era um personagem central em seu processo de afirmação", diz o vencedor, em nota distribuída à imprensa.
Com 152 projetos inscritos entre dezembro de 2024 e abril de 2025, o Prêmio Todavia propôs nesta edição a produção de biografias de personalidades brasileiras excluídas da história oficial. O júri foi composto por Juliana Borges (escritora e consultora do Núcleo de Enfrentamento, Monitoramento e Memória de Combate à Violência da OAB-SP), Milena Britto (professora e curadora da Flip em 2022 e 2023), Delmo Moreira (autor de Catorze camelos para o Ceará e A bem-amada, publicados pela Todavia) e Paulo Roberto Pires (jornalista, escritor, editor da revista Serrote e professor da UFRJ).
Leonardo Affonso de Miranda Pereira é doutor e mestre em História pela Unicamp, autor de Footballmania: uma história social do futebol no Rio de Janeiro (1902–1938) — obra que lhe rendeu o Prêmio Jabuti de 2001, na categoria Ciências Humanas e Educação.
As inscrições para a quinta edição do Prêmio Todavia de Não Ficção serão abertas em 2026, reafirmando o compromisso da editora com a valorização de vozes e trajetórias que ampliam a narrativa histórica do país.
