Na Lapa dos anos 40, o malandro não se vestia: se apresentava — terno branco, sapato bicolor e olhar de quem sabia mais do que dizia. Era estilo, era código, era vida vivida no compasso do samba. É nesse espírito que o romance Zezinho de Nervina convida o leitor a percorrer memórias, cartas e canções que moldaram um Rio de Janeiro eterno.

Escrito pelo produtor e radialista João Carino, que estreia no gênero, o livro será lançado na sexta-feira, 21 de novembro, no Theatro Municipal de Niterói, em uma noite que combina literatura e música. O evento vai começar às 18h com sessão de autógrafos, seguida de bate-papo musical às 20h. Os ingressos custam R$ 40 e incluem o livro.

Em Zezinho de Nervina, Carino traça a saga de um herói malandro — filho da boemia, das cartas e das canções — que atravessa o século com a mesma ginga de quem dança um samba na Lapa. Do agreste alagoano às trincheiras da Segunda Guerra, das cartas à mãe às noites de boemia carioca, o romance mistura afeto, memória e ritmo de samba.

“Quis escrever um romance que juntasse afeto e memória musical, onde a fronteira entre realidade e invenção é menos um muro e mais um samba: a gente dança por cima”, explica o autor, fundador do Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB).

O prefácio é assinado por Carlos Didier, que destaca o modo como a obra amplia o mapa afetivo da Lapa: “João costura a mitologia do malandro com a história da nossa canção — e o resultado é literatura que se lê de ouvido.”

Misturando crônica musical, memória e ficção histórica, o livro reafirma o olhar de Carino sobre a música popular brasileira — território que ele conhece bem, depois de quatro décadas à frente de programas da TVE e da Rádio MEC, e de parcerias com nomes como Elizeth Cardoso, Chico Buarque, Beth Carvalho e Ivan Lins.