
Parte do chamado Druamverso, ao lado de Druam e Cânticos andróginos, o novo título pode ser lido de forma independente. Job constrói aqui uma neoficção científica tropicalista, em que pulsações cósmicas alteram as leis da física e abrem caminho para habilidades parapsíquicas — como telepatia, materialização astral e manipulação da chamada bioluz.
“Pulsares é, de tudo o que escrevi, o texto mais singular. Meus primeiros livros são de não-ficção, com tom mais acadêmico. Em Pulsares, tudo muda. Gosto muito da ideia do grande escritor português Gonçalo Tavares: cada livro seu suscita um novo gênero. Pulsares, assim, emerge naturalmente como uma narrativa mais solar”, afirma o autor ao PublishNews.
O protagonista, Aion, reúne um grupo de “intenseres” (pessoas despertas para esses novos poderes), que inclui personagens improváveis como uma travesti cantora de tecnobrega, uma jovem de 15 anos, um professor da Unicamp e até um fungo consciente. Juntos, eles atravessam diferentes países, mas é o Brasil pulsante que ganha centralidade, em cenas que misturam carnaval, artes visuais e música popular, em diálogo com Lygia Clark, Hélio Oiticica, Fausto Fawcett e Zeca Pagodinho.
“No entanto, as discussões que o romance traz possuem um largo espectro: as intensas mudanças que nosso mundo passa, questões geopolíticas, interfaces entre filosofia e ciência e até algo que pode ser entendido como apocalíptico ou ao menos distópico. Mas a alegria, a escola de samba e a festividade estão lá”, completa Job.
Em contraponto, surgem os Darkstone, intenseres que desejam controlar e reprimir as pulsões criativas, metáfora dos bloqueios sociais, psíquicos e culturais. A disputa não é apenas física, mas também simbólica e parapsíquica, questionando os limites da imaginação e da realidade.
Nelson Job é escritor, psicólogo e pesquisador transdisciplinar. Doutor em História das Ciências pela UFRJ, trabalhou com o físico Luiz Pinguelli Rosa e conheceu a psiquiatra Nise da Silveira na Casa das Palmeiras, onde foi coordenador cultural. É coeditor da revista Cosmos e Contexto, ao lado do cosmólogo Mario Novello, e criador do campo dos transaberes, que fundamenta seus primeiros livros. Autor de contos, poemas e romances como Druam, do Livro na Borogodança, Cânticos Andróginos, Ontologia Onírica e Vórtex: modulações na Unidade Dinâmica, publicou também mais de 50 artigos acadêmicos.