Voz de uma romancista brasileira
PublishNews, Redação, 29/09/2025
Livro é também o registro urbano do Rio de Janeiro do século XIX

As Memórias de Martha (Tapioca, 170 pp, R$ 53) introduziram, ainda no século XIX, uma voz que escancarou as mazelas da miséria na capital do país; enalteceu a importância da educação como um projeto emancipatório eficiente, particularmente no caso das mulheres que, em geral, não eram incentivadas a estudar. Também merece destaque a forte presença do cortiço infiltrado na promissora metrópole, a cidade do Rio de Janeiro, que se modernizava, mas olhava vesgamente para o futuro, orgulhosa de si mesma, sem perceber que no seu quintal havia uma outra realidade, que já gritava por justiça social, no apagar das luzes do conturbado século XIX. Este romance, além de obra importantíssima da nossa literatura, é também o registro urbano de uma época. Júlia Lopes de Almeida, ou Dona Júlia, como era conhecida na sociedade carioca oitocentista, foi muito celebrada e, em vida, reconhecida pelos colegas escritores como a primeira grande romancista brasileira.

[29/09/2025 08:54:44]