Entre conto, poesia e reflexão filosófica
PublishNews, redação, 25/09/2025
O ponto de partida é visceral: a morte do pai, corroído por um câncer que rouba a sua voz ao mesmo tempo em que dá origem à voz do filho-escritor

Entre traumas, dores e desejos, Antonio Arruda tece uma narrativa híbrida que atravessa conto, poesia e reflexão filosófica, sempre cortante, sempre em movimento neste O corte que desafia a lâmina (Cachalote, 256 pp, R$ 59,90). O ponto de partida é visceral: a morte do pai, corroído por um câncer que rouba a sua voz ao mesmo tempo em que dá origem à voz do filho-escritor. É dessa ausência que nasce uma literatura de enfrentamento, onde erotismo, violência e misticismo se entrelaçam. As fissuras em cada página – na memória, no corpo, nas palavras – do livro revelam tanto feridas quanto epifanias. Diante da impossibilidade de uma cicatrização real, ou ao menos a descrença numa recuperação completa, o autor desdobra a vida em ficção, evocando a palavra como cicatriz. A marca na pele-folha, na carne-livro de um percurso estético-poético-filosófico que, se cessar de sangrar, morre. Nascido em 2977, Antonio Arruda é mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada pela USP. Atuou como jornalista, em veículos como Folha de S. Paulo, trabalha como educador há 24 anos e, há 14, no segmento audiovisual. Entre outros trabalhos, fez parte da equipe de roteiristas das duas temporadas de Cidade invisível (Netflix Brasil) e foi consultor criativo da série Santo (Netflix Espanha/Brasil). Assina como corroteirista o longa-metragem O Mel é mais doce que o sangue, de André Guerreiro Lopes, inspirado nos poemas de Federico García Lorca (1898-1936).

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