Mais de uma década depois da primeira publicação, o livro Benjamin Abrahão: entre Padre Cícero e Lampião (Cepe Editora, 384 pp, R$ 70), do escritor e historiador Frederico Pernambucano de Mello, considerado o maior especialista em cangaço no Brasil, ganha edição revisada, com notas e bibliografia atualizadas e quase uma centena de fotografias. O autor reconstrói a trajetória do imigrante sírio Benjamin Abrahão (1890–1938) — secretário particular do padre Cícero Romão Baptista e responsável pelos registros fotográficos e cinematográficos que eternizaram Lampião e seu bando. Desenvolvida por Mello ao longo de 40 anos, a pesquisa resgata fontes diversas — de livros e jornais a entrevistas com sobreviventes do cangaço, como Candeeiro e Dadá. O livro também recupera anotações feitas pelo próprio Abrahão em sua caderneta de campo, apreendida pela polícia após seu assassinato em 1938, aos 37 anos, em Itaíba (PE). Capítulo a capítulo, o historiador acompanha a jornada de Abrahão: da fuga do alistamento militar na Síria em plena Primeira Guerra Mundial à chegada ao Recife em 1915; da mudança para Juazeiro do Norte, onde se tornou secretário de Padre Cícero, até sua aproximação com eventos centrais da época, como a Coluna Prestes, o avanço do Estado Novo e os deslocamentos de Lampião pelo Nordeste. A morte do sacerdote, em 1934, levou o sírio a concentrar esforços em documentar o cangaço em imagens — feito que lhe conferiu fama e, segundo bilhete carimbado por Lampião, até a condição de “prestador de serviço” do líder.