Romance inaugural da escritora carioca que vem sendo incensada nos últimos anos Júlia Lopes de Almeida (1862-1934), Memórias de Martha (Via Leitura, 80 pp, R$ 26,90) foi publicado pela primeira vez em 1888, primeiro como folhetim e, depois, já como livro. Assim como em suas obras seguintes, nesta destaca-se a preocupação de Júlia em dar voz a uma protagonista feminina e em ressaltar sua importância para a sociedade. Narrado em primeira pessoa, o livro é uma autobiografia ficcional da jovem Martha. Órfã de pai, vê-se, junto à mãe, relegada à pobreza de um cortiço – como era tão usual naquele tempo – no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Durante o seu crescimento como mulher, encontra na educação a única chance de escapar da sina da maioria das mulheres daquela época. As constantes preocupações da mãe, que aconselha a filha a aprender os afazeres domésticos para que possa se sustentar depois de sua morte, enquanto a menina vislumbra a ascensão por meio da carreira de professora, evidenciam as transformações do papel social da mulher no fim do século XIX. Uma obra essencial para a compreensão da emancipação da mulher em nossa sociedade. A edição contém o texto integral, incluindo notas explicativas para os termos não usuais.