

O historiador começou sua participação se desculpando ao dizer que parte do motivo para a mudança de local da programação estava na sua participação do evento. A fala do historiador girou em torno da censura de ofício enviado pela Fundação Theatro Municipal (FTM) de São Paulo aos organizadores da Flipei, que comunicava o cancelamento do evento no Espaço das Artes, cinco dias antes do início das atividades e fora do intervalo previsto em contrato de, no mínimo, 15 dias.
Após receber uma série de cinco perguntas da plateia, ele começou a responder sobre a coragem necessária em se posicionar contra a cultura e a educação vigentes no país para tornar-se antissionista. “É preciso não ter medo de ser considerado um traidor da pátria”, diz. Ele falou da relação entre educação e a mudança da opinião pública sobre o povo palestino e explicou que a população, de modo geral, condena o genocídio, e que a questão maior é que as pessoas em posição de poder é que ainda aceitam essa postura opressora.

"Eu como acadêmico peço a vocês que são professores e que estão nas universidades do Brasil e no Sul global, que falem sobre a realidade Palestina, que ela está ocupada pelo estado israelense, que é um Estado colonial (...). Nós precisamos ensinar a história do que acontece na Palestina nas Universidades, porque assim essa história chegará nos livros nas escolas, e chegará na mídia", argumentou.
“A solidariedade e a pressão de vocês é muito importante, porque mostra para quem é muito melhor sonhar com uma Palestina livre do que do que o Estado de apartheid que Israel vive hoje”, disse. Pouco antes de deixar o palco do Galpão Elza Soares, o escritor Milton Hatoum se aproximou do palco, cumprimentou e abraçou Pappe.
Quem dividiu a abertura com Pappe foi o ativista Thiago Ávila. No mês de junho, o brasiliense esteve na embarcação Madleen, que destinava ajuda humanitária à Faixa de Gaza e foi interceptada pelo governo de Israel. A conversa foi mediada por Soraya Misleh, filha de palestinos, coordenadora da Frente em Defesa do Povo Palestino e diretora cultural do Instituto da Cultura Árabe.
Livros de Ilan Pappe traduzidos e publicados no Brasil:
- A maior prisão do mundo: uma história dos territórios ocupados por Israel na Palestina (Elefante), de 2025
- Brevíssima história do conflito Israel-Palestina (Elefante), de 2025
- Dez mitos sobre Israel (Tabla, 2022), de 2022
- A limpeza étnica da Palestina (Sundermann), de 2012
- História da Palestina moderna (Caminho), de 2007
Serviço:
Festa Literária Pirata das Editoras Independentes
Data: 6 a 10 de agosto
Local: Galpão Elza Soares (Alameda Eduardo Prado, 474), na Casa Luiz Gama (Rua Guaianases, 1435) e no Café Colombiano (Alameda Eduardo Prado, 493), a programação musical acontece no bar Sol y Sombra (Rua Treze de Maio, 180).