Na Flipei, Ilan Pappe fala da importância da mídia e da educação a favor da luta palestina
PublishNews, Beatriz Sardinha, 07/08/2025
Historiador israelense também foi destaque da programação oficial da Flip, na semana anterior

Ilan Pappe e Thiago Ávila na Flipei 2025 | © Reprodução instagram Camisa Crítica
Ilan Pappe e Thiago Ávila na Flipei 2025 | © Reprodução instagram Camisa Crítica
A presença do historiador Ilan Pappe na abertura da Festa Literária Pirata das Editoras Independentes (Flipei) nesta quarta (6) foi rápida, mas ainda assim marcante. Pappe tinha uma limitação de horário para ir ao aeroporto e poderia estar presente durante apenas a primeira hora do painel, o que causou uma comoção e atenção ainda maior da plateia presente em torno de suas falas. A feira, assim como a abertura de Ian, aconteceram no Galpão Elza Soares (Alameda Eduardo Prado, 474 — São Paulo / SP).

Ilan Pappe foi também um dos destaques da programação oficial da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), realizada na semana anterior. Na programação oficial, ele falou abertamente sobre a perseguição que estava recebendo por falar publicamente acerca dos ataques de Israel aos palestinos durante sua vinda ao Brasil. Ele está realizando o lançamento de dois livros pela editora Elefante: A maior prisão do mundo: uma história dos territórios ocupados por Israel na Palestina e Brevíssima história do conflito Israel-Palestina.

O historiador começou sua participação se desculpando ao dizer que parte do motivo para a mudança de local da programação estava na sua participação do evento. A fala do historiador girou em torno da censura de ofício enviado pela Fundação Theatro Municipal (FTM) de São Paulo aos organizadores da Flipei, que comunicava o cancelamento do evento no Espaço das Artes, cinco dias antes do início das atividades e fora do intervalo previsto em contrato de, no mínimo, 15 dias.

Após receber uma série de cinco perguntas da plateia, ele começou a responder sobre a coragem necessária em se posicionar contra a cultura e a educação vigentes no país para tornar-se antissionista. “É preciso não ter medo de ser considerado um traidor da pátria”, diz. Ele falou da relação entre educação e a mudança da opinião pública sobre o povo palestino e explicou que a população, de modo geral, condena o genocídio, e que a questão maior é que as pessoas em posição de poder é que ainda aceitam essa postura opressora.

Flipei começou nesta quarta (6) | © Tais Noaqui
Flipei começou nesta quarta (6) | © Tais Noaqui

"Eu como acadêmico peço a vocês que são professores e que estão nas universidades do Brasil e no Sul global, que falem sobre a realidade Palestina, que ela está ocupada pelo estado israelense, que é um Estado colonial (...). Nós precisamos ensinar a história do que acontece na Palestina nas Universidades, porque assim essa história chegará nos livros nas escolas, e chegará na mídia", argumentou.

“A solidariedade e a pressão de vocês é muito importante, porque mostra para quem é muito melhor sonhar com uma Palestina livre do que do que o Estado de apartheid que Israel vive hoje”, disse. Pouco antes de deixar o palco do Galpão Elza Soares, o escritor Milton Hatoum se aproximou do palco, cumprimentou e abraçou Pappe.

Quem dividiu a abertura com Pappe foi o ativista Thiago Ávila. No mês de junho, o brasiliense esteve na embarcação Madleen, que destinava ajuda humanitária à Faixa de Gaza e foi interceptada pelo governo de Israel. A conversa foi mediada por Soraya Misleh, filha de palestinos, coordenadora da Frente em Defesa do Povo Palestino e diretora cultural do Instituto da Cultura Árabe.

Livros de Ilan Pappe traduzidos e publicados no Brasil:

  • A maior prisão do mundo: uma história dos territórios ocupados por Israel na Palestina (Elefante), de 2025
  • Brevíssima história do conflito Israel-Palestina (Elefante), de 2025
  • Dez mitos sobre Israel (Tabla, 2022), de 2022
  • A limpeza étnica da Palestina (Sundermann), de 2012
  • História da Palestina moderna (Caminho), de 2007

Serviço:

Festa Literária Pirata das Editoras Independentes
Data: 6 a 10 de agosto
Local: Galpão Elza Soares (Alameda Eduardo Prado, 474), na Casa Luiz Gama (Rua Guaianases, 1435) e no Café Colombiano (Alameda Eduardo Prado, 493), a programação musical acontece no bar Sol y Sombra (Rua Treze de Maio, 180).

[07/08/2025 09:00:00]