
O primeiro painel da 2ª edição do Rio International Publishers Summit teve como ponto central a importância da bibliodiversidade e a união de todos os elos da cadeia do livro. O evento faz parte do projeto Rio Capital Mundial do Livro e é produzido pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). Com curadoria de Flávia Bravin, Martha Ribas e Luiz Alvaro Salles Aguiar de Menezes, o Summit tem como objetivo ser um espaço estratégico para debater questões urgentes do mercado editorial global e já cresceu em tamanho e importância na sua segunda edição. “Queremos fornecer a todos debates sadios e uma boa troca de experiências”, resumiu Dante Cid, presidente do SNEL.
Adiantando o norte da 33ª Convenção Nacional de Livrarias, que se inicia nesta quinta (12), Alexandre Martins Fontes focou em frisar o papel das livrarias no quebra-cabeças do mercado e lembrar que o setor não pode só ficar esperando pela aprovação da Lei Cortez. “Além de apresentar propostas tenho feito perguntas: o que podemos fazer para que a Lei possa se autorregulamentar? Que atitudes podemos tomar?”, questionou.
Além de Martins Fontes, a mesa "O poder do livro: Construindo o próximo capítulo da indústria editorial", teve a participação participação de Dante (SNEL), Sevani Matos (CBL), Ângelo Xavier (Abrelivros) e Lara Kouzmin-Korovaeff (Libre), com mediação de Leandro Muller (Nespe).

A editora apontou ainda que uma Lei para regulamentar o setor não vai resolver todos os problemas, mas é, sim, um passo importantíssimo. “Isso porque uma coisa leva a outra. Muitos dos descontos chegaram a um patamar abusivo e isso leva o preço do livro para cima, o que dificulta ainda mais o acesso a quem tem pouco recurso”.
Ao refletir sobre a bibliodiversidade no mercado como um todo, Sevani Matos lembrou que é dever dos profissionais do setor levar o tema em consideração e recordar que nem todas as pessoas foram estimuladas à leitura desde pequenas. “O fomento à leitura deve ser feito em qualquer idade”, disse, sendo complementada por Lara: “A bibliodiversidade é fundamental para que se fomente a leitura para diversos públicos. É importante que o leitor encontre o livro que o lê”.
Sobre ações efetivas, Dante lembrou da Academia Editorial Júnior, projeto do SNEL que “ao mesmo tempo dá oportunidade para jovens interessados e propicia uma mão de obra capacitada para o futuro”. Nesta sexta (13), às 14h, no estande do SNEL, os 16 participantes do projeto autografam dois livros produzidos por eles.
Além da saúde da produção editorial brasileira e de apelos pela união do setor, a conversa abordou a importância das diversas pesquisas brasileiras que mapeiam diferentes questões do mercado. “Estar à frente de uma editora também requer uma tomada de decisões assertiva. As pesquisas impulsionadas pela CBL e SNEL nos fornecem exatamente isso, nos dão um norte, um caminho a seguir”, disse. “Se debrucem sobre essas pesquisas, olhem os dados, olhem o que tanto as editoras quanto os consumidores estão falando”.
Ainda no tema das pesquisas, a vice-presidente da Libre comentou sobre a tentativa da associação de fazer uma pesquisa interna que olhe especificamente para os dados das editoras independentes. “Muitas vezes não constamos nas pesquisas do setor”, queixou-se.
Pensando em ações efetivas, Dante sugeriu que as entidades estabeleçam grupos de trabalho para sentarem juntos e definirem ações concretas, ao passo que Sevani aproveitou para compartilhar que a CBL conta com 14 comissões internas que cuidam de diferentes pontos do setor. “Usamos modelos internacionais para aprender com o que está dando certo”.
Para Ângelo Xavier, da Abrelivros, uma das questões que devem nortear encontros futuros tem a ver sobre como as entidades e o setor como um todo podem incentivar mais projetos de leitura. “Acho que essa pergunta é a que une todos nós”.
Lucas Padilha
Ao término do painel, Lucas Padilha, Secretário Municipal de Cultura, falou ao público reforçando a abertura do diálogo com as entidades do livro. Padilha também sugeriu ações que podem ajudar no mercado, como a inclusão do livro nos projetos de incentivo das instituições privadas, o lançamento de mais programas de tradução e internacionalização do livro e o fomento na formação de novos profissionais.
*A jornalista viajou a convite do SNEL.