Uma viagem mística
PublishNews, Redação, 20/05/2025
'Xamãs elétricos na festa do Sol' tem uma jornada lisérgica e emocional que é, ao mesmo tempo, a busca por um pai e por um sentido de pertencimento

A história de Xamãs elétricos na festa do Sol (Autêntica Contemporânea, 296 pp, R$ 79,80 – Trad.: Silvia Massimini Felix) se passa no ano 5540 do calendário andino. Noa decide fugir de Guayaquil, onde nasceu, com sua melhor amiga Nicole, para participar do Ruído Solar, um festival que, todos os anos, reúne, durante oito dias e sete noites, milhares de jovens — entre músicos, dançarinos, poetas e xamãs — aos pés de um dos muitos vulcões dos Andes. Ficam para trás as famílias, a violência das cidades, e se descortina uma paisagem alucinada que treme ao ritmo da música e das erupções vulcânicas sob um céu riscado por meteoritos. Para Noa, essa será a primeira parada antes de reencontrar o pai que a abandonou quando criança e que, há anos, vive nas florestas altas — um território onde também se escondem os desaparecidos, aqueles que um dia subiram ao Ruído e nunca mais voltaram para casa. Sustentado por uma lírica extraordinária, uma estética deslumbrante e muito senso de ritmo, o livro de Mónica Ojeda é uma viagem mística ao coração primitivo da música e da dança; uma jornada lisérgica e emocional que é, ao mesmo tempo, a busca por um pai e por um sentido de pertencimento em um mundo que só conhece a perda e o desamparo.

[20/05/2025 07:00:00]