
A 7ª edição do Elas Publicam: Encontro de Mulheres do Mercado Editorial está marcada para este sábado (26), no Cais do Sertão (Av. Alfredo Lisboa, S/N), em Recife (PE), mais uma vez reunindo grandes nomes do setor.
O projeto, idealizado pela produtora brasiliense Lella Malta nasceu, segundo ela, de uma inquietação pessoal: onde estão as mulheres da cadeia produtiva do livro? “A gente sabia que elas estavam — e estão — em todos os lugares, mas nem sempre com visibilidade, espaço e reconhecimento. O mercado editorial ainda permite essa invisibilidade, como se estivéssemos sempre nos bastidores, não como protagonistas”, explica. “A ideia era simples: reunir, celebrar e fortalecer essas mulheres, criar um espaço para que pudéssemos fazer networking, negócios”.
Anos depois – sempre com edições cheias –, o Elas Publicam conseguiu reunir diversas apoiadoras e nomes de peso para enriquecer as discussões. Neste sábado (26), um dos destaques da programação será Ana Cristina Araruna Melo, representante da Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Ministério da Cultura (MinC). Ela atua no Ministério da Cultura desde 1994 e acredita que a democratização do acesso à leitura e o fortalecimento do setor editorial brasileiro são essenciais para o desenvolvimento cultural e econômico do país, especialmente para dar voz e espaço às mulheres no universo do livro e da literatura. Ana Cristina participa do painel “Ações da Diretoria de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do MinC: desafios e perspectivas", às 10h20.

Além de Ana Cristina Araruna Melo, outros nomes como Cláudia Machado (Catavento Distribuidora), Maria Carolina Borin (especialista em políticas públicas de incentivo ao livro e à leitura e gerente de operações da Pulso Público), Mirela Paes (Lavanda Literária), Mariana Mortani (roteirista e tradutora), as escritoras premiadas Luna Vitrolira e Odailta Alves e a best-seller Mila Wander também integram a programação que pode ser conferida clicando aqui.
Com autoras, editoras, revisoras, tradutoras, agentes literárias, ilustradoras, roteiristas e demais profissionais do mercado editorial reunidas, o Elas Publicam conseguiu criar uma rede de apoio e networking que tem feito a diferença para diversas profissionais.
Uma das pessoas impactadas pelo projeto é a escritora Lucia Helena Sider, que encontrou nos eventos do Elas Publicam, a sensação de pertencimento. “Nunca vi uma concentração tão grande de tanta mulher bonita, alegre, estilosa, cheia de conteúdo e muita vontade de escrever e publicar. Mais que isso, percebi que sou uma delas e que pertenço, por causa delas, ao mercado editorial — caminho sem volta”, disse ao PublishNews. “O grupo liderado pela Lella faz muito mais do que abrir portas de acesso e de visibilidade, é cheio de trocas pessoais, indicações e conteúdo de formação. Por estes valores, quem sabe aproveitar, só tem muito a ganhar e a crescer, a começar pela confiança”, completa.
Na edição deste sábado (26), Lucia irá apresentar seu o romance O nome que você me deu. “É apenas uma das oportunidades que eu agarrei”.
O nome que você me deu é um romance familiar conduzido por uma mulher, da terceira geração de imigrantes da Letônia, que sobreviveram a seus traumas de guerra silenciando grande parte de sua história. Esta história, mesmo que não dita, ou dita somente por alguns, emerge em hábitos, comportamentos e vícios replicados inconscientemente até que ela questiona o sentido de tais crenças e preconceitos no tempo presente, e no Brasil, país de adoção definitiva. A ideia é que Lucia faça uma apresentação sobre a obra - que ainda não foi publicada - com o objetivo de sensibilizar alguma editora e/ou agente para entrada no processo editorial.
“O mercado editorial é cheio de especificidades e nos eventos a curadoria se preocupa em trazer profissionais que falam desde como negociar um contrato de direitos autorais até como divulgar seu livro em diversas plataformas. É um espaço necessário para profissionais que almejam trabalhar com livros, seja escrevendo, produzindo ou vendendo”, comenta Cinthya Muller, coordenadora comercial da Editora Planeta e que participa do evento como palestrante desde a sua segunda edição.
Escreva, Garota!

Hoje, a comunidade reúne 250 mulheres de oito países promovendo a escrita como ferramenta de autoconhecimento, expressão e mudança. “Vivi, na pele, as dificuldades de ser uma autora iniciante e autopublicada. Precisei empreender (e sobreviver) no mercado editorial sem qualquer ajuda ou respaldo de um selo editorial”, relembra Lella. “Cada escritora tem seu caminho de escrita, e o Escreva, garota! Acolhe todas”, completa Lucia.
A médio prazo, o Escreva, Garota! planeja expandir suas atividades, oferecendo mais espaços para pitchs literários e audiovisuais, além de levar seu festival literário gratuito para outras cidades do Brasil. “Queremos ampliar o acesso à formação e à visibilidade, abrindo mais bolsas para nosso edital de ações afirmativas”, explica Lella. O objetivo, segundo ela, é consolidar o projeto como uma referência nacional no apoio à escrita e ao empreendedorismo feminino. “Quando uma mulher escreve, ela não apenas conta a sua história, ela ressignifica a sua vida”, conclui Malta.
Ao longo desses cinco anos, o projeto esteve presente em eventos importantes como a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) e Bienal do Livro de São Paulo. “Esses eventos representaram a consolidação do nosso trabalho e a oportunidade de levar a voz das nossas autoras para um público maior”, comemora. Além disso, o projeto realizou seu primeiro festival literário, em parceria com o Goethe Institut, em fevereiro, em São Paulo, com planos de expandir para outras cidades do Brasil.
Para a escritora Mariana Bueno, fazer parte do grupo foi essencial para a sua carreira como escritora: "Em 2024, lancei meu segundo livro e participei de duas Bienais (Salvador e São Paulo), da Feira do Livro e da Flip, grandes eventos que me possibilitaram o contato com novos leitores e me abriram novas portas. Sem falar no networking e nas amizades que construí com outras escritoras, fortalecendo o trabalho uma da outra”, frisa. “Admiro demais o trabalho da Lella e sou muito grata por fazer parte de um grupo que tanto valoriza e impulsiona a escrita de mulheres".
“Nosso grupo é diverso, mas o que todas têm em comum é a vontade de transformar suas histórias em livros e de se fortalecerem no mercado editorial”, destaca Lella.
Confira a agenda do Escreva, Garota! para 2025:
- Seminário Internacional de Mães (São Paulo, 3 de maio)
- Bienal do Livro do Rio de Janeiro (13 a 22 de junho)
- Feira do Livro de São Paulo (14 a 22 de junho)
- Flip - Festa Literária Internacional de Paraty (30 de julho a 3 de agosto)
- Festival RME (São Paulo, 3 e 4 de outubro)