Projeto Elas Publicam cria rede de apoio e networking para profissionais mulheres do mercado editorial
PublishNews, Talita Facchini, 23/04/2025
Idealizada por Lella Malta, iniciativa tem ganhado espaço e seguidoras pelo país; outro projeto, o Escreva, Garota!, acaba de completar cinco anos com comunidade formada por mais de 250 mulheres de oito países

A 7ª edição do Elas Publicam: Encontro de Mulheres do Mercado Editorial está marcada para este sábado (26), no Cais do Sertão (Av. Alfredo Lisboa, S/N), em Recife (PE), mais uma vez reunindo grandes nomes do setor.

O projeto, idealizado pela produtora brasiliense Lella Malta nasceu, segundo ela, de uma inquietação pessoal: onde estão as mulheres da cadeia produtiva do livro? “A gente sabia que elas estavam — e estão — em todos os lugares, mas nem sempre com visibilidade, espaço e reconhecimento. O mercado editorial ainda permite essa invisibilidade, como se estivéssemos sempre nos bastidores, não como protagonistas”, explica. “A ideia era simples: reunir, celebrar e fortalecer essas mulheres, criar um espaço para que pudéssemos fazer networking, negócios”.

Anos depois – sempre com edições cheias –, o Elas Publicam conseguiu reunir diversas apoiadoras e nomes de peso para enriquecer as discussões. Neste sábado (26), um dos destaques da programação será Ana Cristina Araruna Melo, representante da Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Ministério da Cultura (MinC). Ela atua no Ministério da Cultura desde 1994 e acredita que a democratização do acesso à leitura e o fortalecimento do setor editorial brasileiro são essenciais para o desenvolvimento cultural e econômico do país, especialmente para dar voz e espaço às mulheres no universo do livro e da literatura. Ana Cristina participa do painel “Ações da Diretoria de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do MinC: desafios e perspectivas", às 10h20.

“Ver o projeto crescer, com edições lotadas e cada vez mais diversidade de vozes, é emocionante e potente. Já passamos por Brasília, Rio de Janeiro, Campinas, São Paulo e Salvador... E eu não poderia estar mais contente com nossa próxima edição, em Recife. Levar o projeto para fora do eixo Rio-São Paulo sempre foi o meu maior desejo. Aos poucos, vamos avançando nesse objetivo", comemora Lella.

Além de Ana Cristina Araruna Melo, outros nomes como Cláudia Machado (Catavento Distribuidora), Maria Carolina Borin (especialista em políticas públicas de incentivo ao livro e à leitura e gerente de operações da Pulso Público), Mirela Paes (Lavanda Literária), Mariana Mortani (roteirista e tradutora), as escritoras premiadas Luna Vitrolira e Odailta Alves e a best-seller Mila Wander também integram a programação que pode ser conferida clicando aqui.

Com autoras, editoras, revisoras, tradutoras, agentes literárias, ilustradoras, roteiristas e demais profissionais do mercado editorial reunidas, o Elas Publicam conseguiu criar uma rede de apoio e networking que tem feito a diferença para diversas profissionais.

Uma das pessoas impactadas pelo projeto é a escritora Lucia Helena Sider, que encontrou nos eventos do Elas Publicam, a sensação de pertencimento. “Nunca vi uma concentração tão grande de tanta mulher bonita, alegre, estilosa, cheia de conteúdo e muita vontade de escrever e publicar. Mais que isso, percebi que sou uma delas e que pertenço, por causa delas, ao mercado editorial — caminho sem volta”, disse ao PublishNews. “O grupo liderado pela Lella faz muito mais do que abrir portas de acesso e de visibilidade, é cheio de trocas pessoais, indicações e conteúdo de formação. Por estes valores, quem sabe aproveitar, só tem muito a ganhar e a crescer, a começar pela confiança”, completa.

Na edição deste sábado (26), Lucia irá apresentar seu o romance O nome que você me deu. “É apenas uma das oportunidades que eu agarrei”.

O nome que você me deu é um romance familiar conduzido por uma mulher, da terceira geração de imigrantes da Letônia, que sobreviveram a seus traumas de guerra silenciando grande parte de sua história. Esta história, mesmo que não dita, ou dita somente por alguns, emerge em hábitos, comportamentos e vícios replicados inconscientemente até que ela questiona o sentido de tais crenças e preconceitos no tempo presente, e no Brasil, país de adoção definitiva. A ideia é que Lucia faça uma apresentação sobre a obra - que ainda não foi publicada - com o objetivo de sensibilizar alguma editora e/ou agente para entrada no processo editorial.

“O mercado editorial é cheio de especificidades e nos eventos a curadoria se preocupa em trazer profissionais que falam desde como negociar um contrato de direitos autorais até como divulgar seu livro em diversas plataformas. É um espaço necessário para profissionais que almejam trabalhar com livros, seja escrevendo, produzindo ou vendendo”, comenta Cinthya Muller, coordenadora comercial da Editora Planeta e que participa do evento como palestrante desde a sua segunda edição.

Escreva, Garota!

Além do Elas Publicam, Lella também criou o movimento Escreva, Garota!, que acaba de completar cinco anos. Com a mesma premissa de profissionalizar e empoderar mulheres no mercado editorial, o projeto foi inspirado na própria experiência de Lella como autora independente e nasceu para oferecer suporte, visibilidade e capacitação a mulheres que desejam transformar suas histórias em livros.

Hoje, a comunidade reúne 250 mulheres de oito países promovendo a escrita como ferramenta de autoconhecimento, expressão e mudança. “Vivi, na pele, as dificuldades de ser uma autora iniciante e autopublicada. Precisei empreender (e sobreviver) no mercado editorial sem qualquer ajuda ou respaldo de um selo editorial”, relembra Lella. “Cada escritora tem seu caminho de escrita, e o Escreva, garota! Acolhe todas”, completa Lucia.

A médio prazo, o Escreva, Garota! planeja expandir suas atividades, oferecendo mais espaços para pitchs literários e audiovisuais, além de levar seu festival literário gratuito para outras cidades do Brasil. “Queremos ampliar o acesso à formação e à visibilidade, abrindo mais bolsas para nosso edital de ações afirmativas”, explica Lella. O objetivo, segundo ela, é consolidar o projeto como uma referência nacional no apoio à escrita e ao empreendedorismo feminino. “Quando uma mulher escreve, ela não apenas conta a sua história, ela ressignifica a sua vida”, conclui Malta.

Ao longo desses cinco anos, o projeto esteve presente em eventos importantes como a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) e Bienal do Livro de São Paulo. “Esses eventos representaram a consolidação do nosso trabalho e a oportunidade de levar a voz das nossas autoras para um público maior”, comemora. Além disso, o projeto realizou seu primeiro festival literário, em parceria com o Goethe Institut, em fevereiro, em São Paulo, com planos de expandir para outras cidades do Brasil.

Para a escritora Mariana Bueno, fazer parte do grupo foi essencial para a sua carreira como escritora: "Em 2024, lancei meu segundo livro e participei de duas Bienais (Salvador e São Paulo), da Feira do Livro e da Flip, grandes eventos que me possibilitaram o contato com novos leitores e me abriram novas portas. Sem falar no networking e nas amizades que construí com outras escritoras, fortalecendo o trabalho uma da outra”, frisa. “Admiro demais o trabalho da Lella e sou muito grata por fazer parte de um grupo que tanto valoriza e impulsiona a escrita de mulheres".

“Nosso grupo é diverso, mas o que todas têm em comum é a vontade de transformar suas histórias em livros e de se fortalecerem no mercado editorial”, destaca Lella.

Confira a agenda do Escreva, Garota! para 2025:

  • Seminário Internacional de Mães (São Paulo, 3 de maio)
  • Bienal do Livro do Rio de Janeiro (13 a 22 de junho)
  • Feira do Livro de São Paulo (14 a 22 de junho)
  • Flip - Festa Literária Internacional de Paraty (30 de julho a 3 de agosto)
  • Festival RME (São Paulo, 3 e 4 de outubro)
[23/04/2025 11:20:00]