Uma meditação sobre a memória
PublishNews, Redação, 06/03/2025
'Noites insones' não é somente considerado sua obra-prima, mas uma das grandes contribuições para a literatura estadunidense dos últimos 50 anos

Publicado originalmente em 1979, quando Elizabeth Hardwick tinha 63 anos e uma carreira consolidada como ensaísta de prestígio, Noites insones (Instante, 144 pp, R$ 74,90 – Trad.: Gisele Eberspächer) não é somente considerado sua obra-prima, mas uma das grandes contribuições para a literatura estadunidense dos últimos cinquenta anos, uma meditação sensível e literariamente brilhante sobre a própria memória, além de precursor da autoficção. Nas lembranças que povoam as noites insones da narradora — uma idosa chamada Elizabeth, internada em uma clínica geriátrica —, figuras reais, como a cantora Billie Holiday, dividem espaço com fictícias, as quais por vezes se misturam à vida de Hardwick, como o personagem sem nome que alude a Robert Lowell, poeta com quem viveu um tumultuado casamento e que morreu de infarto em 1977, no banco traseiro de um táxi, quando estavam prestes a se reconciliar. O romance inclui vislumbres das corridas de cavalo no Kentucky, dos clubes de jazz de Nova York, do bairro mais elegante de Boston, Beacon Hill, dos canais de Amsterdã, além de encontros com comunistas, poetas e a intelligentsia literária nova-iorquina. Ainda lança luz sobre questões que já afligiam Hardwick na época, como racismo, sexismo e pobreza.

Tags: Instante, romance
[06/03/2025 07:00:00]