
O relatório lista neste ano 47 companhias, leva em conta o ano fiscal de 2023 e abrange os principais setores tradicionais da indústria do livro: comércio, ou publicação de livros para o consumidor, publicação educacional, bem como CTP (científico, técnico e profissional), incluindo periódicos acadêmicos.
Aparecem na apuração as empresas que tiveram faturamento superior a € 150 milhões. Vale destacar que a receita gerada pelas 10 primeiras empresas na lista representa 55% do faturamento total do setor rastreado para o ranking.
Repetindo os resultados vistos no último ano, o ranking é liderado pela RELX Group (Reed Elsevier), com um faturamento anual de € 5,65 bilhões. O segundo lugar continua com a canadense Thomson Reuters, com faturamento de € 5,46 bilhões, e a Bertelsmann também se mantém na terceira posição, com € 5,40 bilhões, junto com a Penguin Random House, empresa da qual o grupo alemão é dono. O faturamento apresentado é de € 4,53 bilhões.

A Cogna – que se descreve agora como "uma das maiores organizações educacionais privadas do mundo" – passou por uma evolução particularmente dinâmica nos últimos anos, de acordo com o relatório, expandindo sua missão de desenvolver e publicar livros escolares e materiais de aprendizagem relacionados para operar serviços educacionais e organizações educacionais completas.
A partir de 2021, a empresa adicionou aos seus serviços de aprendizagem B2C também componentes B2B e B2B2C, apoiados por investimentos significativos em instrumentos e plataformas tecnológicas subjacentes.
Na nova estrutura da empresa – focada em conteúdo e serviços de TI para educação e escolas –, as vendas de livros didáticos para o governo e as vendas de livros de ensino superior começaram em 2021 a serem realizadas pela Saber Educação (com selos tradicionais como SaraivaJur, SaraivaUni, Benvirá, Ática, Scipione e Saraiva e um novo selo somente para digital chamado Expressa). Isso fez o relatório The Global 50 considerar a Cogna Educação como um grande player editorial, embora a maior parte de suas receitas não venha da publicação.
É bom lembrar que em janeiro de 2024 a Cogna anunciou a venda de parte da Saber para o Grupo GEN – incluindo os selos citados acima. A operação não inclui os livros didáticos (voltados à educação básica) e os livros do PNLD, que permanecem com a Saber na Cogna.
"Para este ranking, incluímos as receitas do seu braço editorial Vasta, bem como as receitas da Saber, a divisão de 'soluções de aprendizagem'. O padrão de crescimento visto na Cogna espelha desenvolvimentos similares em outras empresas, como o grupo alemão Klett e a finlandesa Sanoma, também monitorados nesta lista", diz o texto do relatório.
Já a FTD Educação, com enorme tradição na produção e comercialização de livros e materiais didáticos, abrangendo todas as etapas de ensino, além de oferecer cursos de treinamento para adultos analfabetos e outros serviços, vem investindo cada vez mais em soluções de aprendizagem digital.
Os sistemas de aprendizagem da FTD foram usados por 2,3 mil escolas privadas brasileiras em 2021. Além disso, mais de 100 municípios adquiriram a solução de educação completa. O total de alunos que usaram as soluções da FTD no Brasil em 2021 foi de 970 mil, de acordo com o Global 50.
"Considerando as crises políticas e econômicas que afetaram o Brasil nos últimos anos, o crescimento robusto da publicação educacional é de se destacar", diz o relatório. "Nos últimos três anos, a FTD viu um crescimento sólido nas receitas (dados de lucros não foram disponibilizados). O fato de a editora ter conseguido manter suas receitas com o impacto particularmente severo da pandemia deve ser visto como muito positivo". O texto considera que os investimentos crescentes em soluções digitais foram fundamentais no processo.
Outros destaques
O estudo também elenca os novos modelos de negócios que vêm se popularizando no mercado editorial mundial como, a exemplo do que vimos acima com Cogna e FTD, a publicação educacional – segmento no qual o Brasil se destaca mundialmente. No relatório, Rüdiger cita que a maioria das principais empresas educacionais mundo afora optou por ir além da venda de seu conteúdo para clientes individuais (alunos, professores, pais) e instituições (por exemplo, escolas, governos).
Em vez disso, muitas delas trabalham diretamente com grupos geralmente grandes de professores (por exemplo, na Coreia), operam suas próprias instituições de treinamento e educação, ou trabalham em estreita colaboração com governos, beneficiando-se de substanciais subsídios financeiros ou outras formas de apoio, como é o exemplo de Brasil e Rússia.
O relatório aponta ainda para a expansão no segmento educacional, dando como exemplo a grande produção de livros didáticos digitalizados, e a oferta do conteúdo educacional de forma mais ampla.
De maneira geral, o Global 50 afirma que não ocorreram mudanças significativas entre este ano e o anterior. "Embora alterações massivas ainda não tenham ocorrido no setor, o impacto de longo prazo da digitalização não deve ser ignorado. A digitalização é também um fator crucial para a expansão de novos entrantes, tanto startups quanto plataformas originárias de outros contextos de mídia além do livro tradicional, que conseguem levar com sucesso conteúdos relacionados a livros e autores diretamente aos olhos e ouvidos dos consumidores. Para os próximos anos, esperamos, portanto, uma aceleração tanto na velocidade quanto na profundidade das transformações em todos os setores do mercado editorial", diz o texto.
O Global 50 – The Ranking of the Publishing Industry 2024 é produzido pelo consultor Rüdiger Wischenbart, patrocinado pela Bookwire, com o apoio dos veículos internacionais Bookdao (PR China), The Bookseller (Great Britain), dpr Digital Publishing Report (Germany), Livres Hebdo (France) e Publishers Weekly (USA).
Veja a lista das 10 maiores editoras e grupos editoriais do mundo, segundo o Global 50 2024:
- RELX Group (Reed Elsevier) – Reino Unido, Holanda, EUA
- ThomsonReuters – EUA
- Bertelsmann – Alemanha; Penguin Random House – EUA
- Pearson – Reino Unido
- Wolters Kluwer – Holanda
- Hachette Livre – França
- Hitotsubashi Group – Japão
- Springer Nature – Alemanha
- Wiley – EUA
- HarperCollins – EUA.
O estudo completo pode ser adquirido por € 50 neste link.