Felipe Neto diz ser favorável à Lei Cortez
PublishNews, Redação, 26/09/2024
Em entrevista ao Podcast do PublishNews​ – que vai ao ar na segunda-feira (30) – o empresário​, autor de 'Como enfrentar o ódio' e convidado da próxima edição da Flip disse estar alinhado às posições do mercado sobre o assunto

Print da gravação do Podcast do PublishNews com Felipe Neto; programa vai ao ar dia 30/09
Print da gravação do Podcast do PublishNews com Felipe Neto; programa vai ao ar dia 30/09
Em entrevista ao Podcast do PublishNews – que vai ao ar na próxima segunda-feira (30) – o empresário Felipe Neto, autor de Como enfrentar o ódio (Companhia das Letras) e convidado da próxima edição da Flip, afirmou ser favorável à Lei Cortez.

Recapitulando: o projeto prevê que nos primeiros 12 meses do livro ele possa ter um desconto máximo de 10% (a partir do preço de capa definido para cada livro pelo seu editor) – medida que contribuiria para a bibliodiversidade e seria um auxílio para as livrarias na competição com redes multinacionais, por exemplo.

"Eu sou defensor dessa lei", disse Felipe Neto. "Acredito que, no final, ela vai ajudar a reduzir o preço médio dos livros, que é o que buscamos. Se para isso precisarmos manter um livro com o mesmo valor durante um ano, vamos fazer. Outros livros podem ter descontos mais agressivos".

Ele vê, porém, a Lei impopular num primeiro momento. "Porque a cultura brasileira está muito acostumada com descontos. O Brasil funciona à base de descontos. Quando você conversa com pessoas do varejo, sejam elas do ramo de roupas, livros ou peças de computador, elas te dizem que o momento de maior venda é quando há desconto. Anunciou desconto, vende. O Brasil está intrinsecamente ligado aos descontos", disse.

Aliado do mercado editorial nos últimos anos, desde o episódio da Bienal do Livro Rio 2019, o influenciador e empresário diz que tem conversado com editores sobre o assunto. "Quando lançamos um livro, o preço de capa normalmente é calculado para cobrir os custos da operação. No Brasil, não há nada que impeça um revendedor da Amazon, por exemplo, de pegar um livro recém-lançado por R$ 69,90 e vendê-lo por R$ 45,90. Eles fazem isso para divulgar a própria loja. Às vezes, o vendedor decide que nem precisa de lucro imediato; ele compra uma quantidade de exemplares e usa o desconto como ferramenta de marketing. Isso cria uma competição desleal e prejudica todo mundo", explica.

"Mas, para o consumidor, como você explica que vai proibir o desconto? O consumidor vai dizer: 'Você está louco? Eu quero meu desconto!' Então, você tem que explicar: 'Por causa desses descontos muito rápidos, o mercado está quebrando. Se o mercado quebrar, você não vai ter livro nenhum, nem barato nem caro. Ou os preços vão explodir, porque só restarão poucos concorrentes.'"

Ele conta que recebeu relatos de gente que ainda não comprou seu livro à espera de um desconto. "Eu explico: 'Gente, não vai ter desconto. Estamos mantendo esse preço por um ano justamente para garantir um valor justo. Quem comprou na pré-venda não pode se sentir prejudicado quando o livro é lançado com desconto.' Mas a cultura do desconto é tão forte no Brasil que as pessoas não acreditam. Elas acham que, mais cedo ou mais tarde, vai haver. Isso é muito errado, e não adianta tentar explicar de forma simplista, porque o problema não é simples. Problemas complexos exigem respostas complexas", disse.

E concluiu: "Será difícil, mas vamos torcer".

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[26/09/2024 11:10:00]