Uma ficção científica brasileira, ambientada numa Curitiba distópica e futurista, com direito a perseguições em carros voadores, saltos de topos de prédio, visões pixeladas e comandos mentais capazes de abrir um chat de voz. Em Olhos de pixel (Rocco, 272 pp, R$ 59,90), de Lucas Mota, o país está nas mãos de conservadores e fanáticos religiosos e a brutalidade contra quem está à margem do sistema é apoiada por grande parte da população intolerante. Movida por muita ação e cheia de elementos queer, a distopia cyberpunk foi vencedora do prêmio Jabuti em 2022, na categoria Romance de Entretenimento, além de ter sido finalista dos prêmios Argos, Leblanc e Odisseia de Literatura Fantástica. Nina, Tera e Iza são mercenários que, devido à sua classe social e orientação sexual, não são bem aceitos pela sociedade. Eles fizeram o root, ou seja, usaram um software para burlar o sistema de monitoramento do governo. No entanto, ter um pouco mais de liberdade traz consequências: os roots têm seus direitos restringidos e sofrem uma contínua perseguição da todo-poderosa Santa Igreja de Salomão, que condena seu modo de vida. Quando Nina é presa, o trio se vê obrigado a aceitar um acordo com a polícia: ajudar a capturar Kalango, o maior hacker do país, em troca de passagens para a colônia espacial Chang'e, onde poderão ter uma vida mais digna. Se tudo der certo, Nina conseguirá um recomeço e uma oportunidade de se reaproximar do filho adolescente. Mas será que vale mesmo a pena trabalhar a favor de um sistema que sempre desprezou sua existência?