Uma história cultural da insanidade
PublishNews, Redação, 19/06/2024
No livro, o autor atravessa épocas e culturas para desvendar historicamente o fenômeno da loucura

O sociólogo britânico Andrew Scull, por mais de quatro décadas, debruçou-se sobre a temática da loucura. Guiando-se pela história, pela filosofia, pela medicina e pela sociologia, o autor buscou desvendar como as ideias em torno da loucura correlacionam-se às formas políticas, éticas e morais de cada época. Em Loucura na civilização: uma história cultural da insanidade (Edições Sesc, 560 pp, R$ 90 – Trad.: Humberto do Amaral), ele mostra o resultado dessa ampla pesquisa de como a loucura foi e é tratada e a interpreta no tecido social de diversas culturas. O surgimento e a expansão dos hospícios, os tratamentos não convencionais da medicina, o papel da religiosidade, a perseguição às mulheres e aos marginalizados, a influência da loucura nas artes, o advento da psiquiatria e a revolução dos psicofármacos são alguns dos temas gerais presentes na obra, que surgem ancorados por uma surpreendente seleção de imagens. Os 12 capítulos do livro começam com a tensão entre a loucura e a ideia de civilização, passando então pela Antiguidade – com a evolução da medicina –, pela Idade Média, pela Renascença e pelo Iluminismo, até chegar à era moderna e à contemporaneidade, marcadas pela popularização da psiquiatria, pelo crescente uso de psicofármacos e pelo aumento de hospitalizações. Apesar dos avanços legais obtidos pela luta antimanicomial e da evolução dos medicamentos e das mais diversas formas terapêuticas, a loucura ainda desafia os limites da razão humana e acaba por servir de justificativa, por exemplo, para o uso de meios cruéis de segregação e de controle social.

[19/06/2024 07:00:00]