Um dos melhores romances africanos do século XX
PublishNews, Redação, 11/06/2024
Tido pela revista Time como um dos 100 melhores livros de literatura fantástica de todos os tempos, foi o primeiro romance africano escrito em inglês publicado fora da África

Profundamente enraizado na tradição oral iorubá, O bebedor de vinho de palma (Carambaia, 144 pp, R$ 87,90 – Trad.: Fernanda Silva e Sousa), de Amos Tutuola, leva o leitor por uma jornada mágica, na qual o personagem caminha de mata em mata, parando em vilarejos e às margens de rios, onde encontra todo tipo de obstáculos e criaturas. O herói sem nome – como todos os personagens da história – se identifica como “Pai dos Deuses Que Podia Fazer de Tudo Nesse Mundo”. Ele leva uma vida de ócio e devaneio bebendo vinho de palma, uma bebida alcóolica fermentada a partir da seiva de várias espécies de palmeira, cercado de amigos igualmente bebedores. Até que seu fazedor de vinho, o único que exerce bem o ofício na região, morre numa queda. Isso obriga o herói a ir buscá-lo na Cidade dos Mortos. Das névoas em que vive, ele cai num mundo “real”, mas não no sentido que damos à palavra em nosso mundo moderno e racional. Se a fábula nigeriana guarda alguma semelhança com Macunaíma, de Mário de Andrade, o personagem de O bebedor do vinho de palma não é, contudo, “um herói sem nenhum caráter”, mas um ser com poderes sobrenaturais, como o de transformar-se em animais e até virar ar. Esses poderes lhe são conferidos por jujus, objetos mágicos que não podem ser usados em qualquer circunstância. É assim que o herói, originalmente altivo, indolente e presunçoso, precisa agir com astúcia num mundo desconhecido.

[11/06/2024 07:00:00]