
A leitura celebra os 80 anos de carreira de Fernanda Montenegro e aborda a visão libertária de Beauvoir (1908-1986) sobre o feminismo, além de sua ligação de vida com o filósofo Jean-Paul Sartre (1905-1980). Sem personificar Simone, Fernanda se cerca de seus óculos, uma mesa, uma cadeira, da trilha sonora e da iluminação para emprestar sua experiência íntima com a obra, dividindo com a plateia o impacto que a liberdade evocada por Beauvoir teve nessa geração de mulheres. O tempo de preparação e refino para a criação de um ambiente sem interferências demasiadas privilegia a proximidade com o público, que testemunhará a prática da liberdade defendida pela escritora, na voz da atriz.
"Minha aproximação com a obra de Simone de Beauvoir vem desde quando eu tinha 20 anos. Essa fundamental feminista é uma personalidade referencial na minha geração. O espetáculo, baseado em uma de suas obras, proposto a mim em 2007 por Sérgio Britto, já com a saúde extremamente debilitada, não se realizou. A ideia permaneceu em mim através de outra criação de Simone de Beauvoir – A cerimônia do adeus. Organizei rigorosamente essa importante obra durante dois anos. Texto pronto, Bonarcado Produções Artísticas e Carmen Mello levaram à cena essa adaptação com o título de Viver sem tempos mortos. Encenação referencial de Felipe Hirsch. Direção de Arte importante de Daniela Thomas e Iluminação plena de Beto Bruel. Em março de 2023, na Academia Brasileira de Letras, realizei a 1ª leitura desse mesmo texto, organizado por mim. Seguiram duas apresentações no Teatro Poeira, já com aceitação total da plateia. Quando dessa leitura, trechos de outras obras dessa importante feminista e escritora já estavam incluídos nessas apresentações. Ao ler, no palco, Simone de Beauvoir, nós nos conscientizamos da liberdade que essa Mulher se impôs e propôs a todas as gerações que a sucederam", completa Fernanda Montenegro.
“O Sesc celebra a oportunidade de democratizar o acesso de diversos públicos ao encontro entre uma das expoentes das artes brasileiras, e uma das principais pensadoras do século XX, sobretudo devido o potencial das manifestações culturais para estimular reflexões tocantes à experiência humana”, comenta Luiz Deoclecio Massaro Galina, diretor do Sesc São Paulo.
A realização do espetáculo em São Paulo é uma parceria do Sesc e do Itaú Unibanco.