O inventor do computador moderno
PublishNews, Redação, 12/12/2023
'Maniac' é uma investigação literária das forças sombrias que movem o avanço científico

Um menino-prodígio húngaro se encanta com o tear mecânico que o pai, um rico banqueiro judeu, mostra em casa para a família. A máquina é capaz de produzir tapeçarias automaticamente a partir de cartões perfurados, e o menino percebe que “qualquer padrão, fosse natural ou artificial, poderia ser decomposto e traduzido para a ‘linguagem’ do tear”. Décadas mais tarde, trabalhando para o governo americano no despertar da Guerra Fria, aquele menino inventaria algo capaz de “transformar todas as áreas do pensamento humano e agarrar a ciência pela garganta, liberando o poder do cálculo ilimitado”: o primeiro computador digital. O menino é o matemático John von Neumann, personagem central deste novo livro de Benjamín Labatut. Além de inventar o computador moderno como o conhecemos, Von Neumann contribuiu para os fundamentos da física quântica e o nascimento da vida digital e da inteligência artificial; teve importante participação no Projeto Manhattan, que desenvolveu a bomba atômica, e foi um dos criadores da teoria dos jogos, que exerceu enorme influência na economia moderna e nas estratégias nucleares mortais da Guerra Fria. Narrado do ponto de vista de uma ampla galeria de figuras reais que determinaram os rumos do conhecimento no último século, e trazendo a hipnotizante modulação entre realidade e invenção que deu fama mundial a Labatut, Maniac (Todavia, 360 pp, R$ 84,90 – Trad.: Paloma Vidal) é um thriller sobre o passado e o futuro de uma humanidade que teve a alma capturada pelo feitiço das operações matemáticas. Não por acaso, os eletrizantes capítulos finais, em que humanos e computadores se enfrentam em partidas de go pela supremacia das faculdades do raciocínio, têm algo da tensão pesarosa de um julgamento.

Tags: romance, Todavia
[12/12/2023 07:00:00]