A poesia em combustão de Mariana Paz
PublishNews, Redação, 08/12/2023
Em 'Ar aberto', a autora mineira proporciona aos leitores uma experiência quase sensorial com seus poemas

Ar aberto (Nós, 88 pp, R$ 60) é um livro para ser lido a plenos pulmões, ainda que aos sussurros. Dureza de pedra e esperteza de vento, os versos da autora mineira Mariana Paz vêm com força pulmonar, de suspiro fundo, como se expelissem, a cada lufada, o que há de venoso das palavras – e, na inspiração, limpam o ar, filtram, e expulsam o ruim. A poesia se faz pulmão. Poemas-quase-haicais, pregam no tempo a matéria da palavra, mas, visto tão de perto, o movimento é dança. Fotografias ligeiras, haicais equilibrados entre o aéreo da metafísica e o concreto do concretismo. A poesia se faz corpo. De um poema a outro, Mariana joga pedra-papel-tesoura, num jogo de pulso e palma da mão. Se a mão descansa “sobre qualquer resto/ qualquer beira”, se a lua pode ser “pesada como uma mão sobre o papel”, na alegria viva no inseto, “os casulos tecem-se à revelia das mãos”. A poesia se faz gesto, se faz chama.

Tags: Nós, poemas
[08/12/2023 07:00:00]