De livreiro a autor, Guilherme Leite estreia na literatura com obra sobre cotidiano em livrarias
PublishNews, Redação, 09/11/2023
'Vida de Livreiro' tem narrativa urbana e apresenta contos com reflexões e ironias, resultado do trabalho árduo no comércio de livros em BH ao longo de duas décadas

O livro Vida de Livreiro é a obra de estreia de Guilherme Leite, e reúne contos com casos e histórias vivenciadas em livrarias ao longo de duas décadas em que o autor trabalhou no comércio de obras literárias. O lançamento será realizado neste dia 9 de novembro, quinta-feira, às 19h, na Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274 – Belo Horizonte / MG).

Guilherme Leite é figura conhecida no meio literário de Belo Horizonte. Trabalhou em todas as principais livrarias da capital mineira. Acompanhou as transformações do mercado editorial brasileiro. Fez balanços de consignação de editoras, carregou muitas caixas de livros, vendeu, comprou, encomendou, despachou, trabalhou em feiras. Todo esse material deu origem a uma coleção de tantas histórias que não havia outro caminho senão publicar em livro.

Em meio a narrativas urbanas que desembrulham os bastidores do trabalho nada glamouroso em livrarias, o autor investe em temas relevantes de sua vivência marcada por um ofício árduo, mas com certo verniz intelectual. “Me interessa falar sobre as relações de trabalho, a valorização do livreiro enquanto profissão. Com a Amazon, as pessoas perceberam que o livreiro tem o seu valor”, afirma. “Livreiros são espécies de bardos terapêuticos misturados com operários intelectuais”, provoca um trecho do livro.

Com leveza, mas sem abrir mão da contundência, o escritor também acaba usando do seu apanhado de diálogos para tocar em temas correlatos a questões de gênero, já que o autor é uma pessoa LGBTQIA+. Essas questões aparecem em contos como “Hooligay”, “Boy magia” e “Menine”. “Publicar esse livro é a realização de um sonho de infância”, revela.

A relação entre livreiro e cliente é abordada por Guilherme com humor e ironia, como no trecho “- Moço, tem razão e sustentabilidade?” ou nos contos “Preto no Branco”, “Dramaturgia” e “Perguntar Não Ofende”. “Para extravasar todo descontentamento com a constante desvalorização profissional vivenciada, busquei suporte atuando em diversas práticas de escrita”, afirma.

A transição profissional iniciou-se no Núcleo de Pesquisa em Dramaturgia do Galpão Cine Horto, com os professores Vinícius de Souza e Assis Benevenuto, do qual Guilherme participou em 2016, com a preparação dos originais pelo dramaturgo, escritor e curador Anderson Feliciano, professor do Núcleo em 2022. “A dramaturgia me permitiu tocar em questões extremamente reais e absurdas com profundidade e leveza, gerando reflexão sem embate. Ela nocauteia e afaga nossas mentes, assim como os livros”, compara Guilherme.

[09/11/2023 09:00:00]