Rompendo barreiras
PublishNews, Redação, 06/03/2023
Livro de Javier Montes conta a história de vida de Luz del Fuego, atriz, modelo e ativista que enfrentou o conservadorismo brasileiro em prol da liberdade do seu corpo e de sua arte

Entre o final dos anos 1940 e a primeira metade dos anos 1950, o Rio de Janeiro era a capital do Carnaval no Brasil. Os salões eram frequentados pela nata da sociedade, por estrelas de Hollywood e por todos aqueles que queriam se entregar ao profano sob o reinado de Momo. Mas ninguém superava uma figura: Luz del Fuego. O alter ego de Dora Vivacqua, uma moça nascida na provinciana Cachoeiro de Itapemirim (ES), era a presença mais aguardada na entrada dos grandes bailes da época. Nem as maiores personalidades estrangeiras, nem os políticos poderosos ou socialites que estampavam as colunas sociais da época superavam a apoteose que era a aparição de Luz del Fuego, seminua, envolta por uma cobra. Figura mítica, atriz do teatro de revista, modelo e ativista avant la lettre, ela superou barreiras e enfrentou o conservadorismo brasileiro em prol da liberdade do seu corpo e de sua arte. E como se a subversão do corpo já não fosse uma grande luta, Luz del Fuego também rompeu outras barreiras: criou a primeira comunidade naturista brasileira, conhecida como ilha do Sol; montou um partido político; viveu abertamente a sua pansexualidade e defendeu o que hoje chamamos de direitos lgbtqia+ e as causas ambientais. Em Luz del Fuego (Fósforo, 280 pp, R$ 84,90 – Trad.: Silvia Massimini Felix), Javier Montes narra, com o tanto de ficção que ela merece, a vida dessa personagem ímpar de nossa história.

[06/03/2023 07:00:00]