Jogo torturante de controle e deleite
PublishNews, Redação, 10/01/2023
DarkSide e Macabra se unem para resgatar o clássico perturbador de Mendal W. Johnson

No mundo perfeito e pacato que Barbara habitava, crianças comuns não mantinham um adulto cativo. Mas ela não contava com a inebriante crueldade que morava nessas crianças — com os pais ricos de férias em algum lugar bem longe de casa, elas se viram no direito de explorar seus impulsos violentos em um jogo macabro e sádico. O que poderia ter sido uma brincadeira de muito mau gosto que passou dos limites logo se transforma em um jogo torturante de controle e deleite. Quando os Adams saíram de férias (DarkSide e Macabra, 272 pp, R$ 74,90 - Trad.: Camila Fernandes) é uma das obras mais inquietantes e por vezes repulsiva do horror contemporâneo. Nas décadas que se seguiram à sua publicação original, em 1974, o best-seller de Mendal W. Johnson ganhou uma reputação à altura de suas palavras — foi chamado de vil, maligno, perturbador e angustiante. Finais alternativos foram escritos por leitores incapazes de aceitar as sombras lançadas pelo autor, e o alívio de concluir a leitura se mostrou inigualável. A violência transborda e parece gratuita, mas ela segue o fluxo irracional e primal da crueldade contida em cada personagem. O livro reúne a psique deturpada e evoca obras como Menina má, O senhor das moscas e A garota da casa ao lado — este último, inspirado na mesma história que levou Johnson a escrever seu livro: o assassinato da jovem Sylvia Likens, de 16 anos, filha de artistas circenses cuja vida instável a deixava com frequência aos cuidados de amigos ou parentes quando os pais viajavam.

[10/01/2023 07:00:00]