Nesta época de crise, de colapso planetário e tiranos reacionários, estamos presenciando uma transformação produtiva: mudanças profundas e permanentes no modo como definimos gênero, sexo e consentimento, assim como seus aspectos políticos no mundo contemporâneo. É o que afirma a jornalista Laurie Penny, reconhecida por suas análises sobre feminismo e gênero, além de seu trabalho como ativista. Penny diz também que estamos num momento de desobediência criativa. Seu novo livro, A nova revolução sexual (Cultrix, 360 pp, R$ 65 - Trad.: Martha Argel), baseado em sua série de artigos para o site Longreads, é o resultado de anos de pesquisa e expõe uma mudança de paradigmas no que diz respeito ao comportamento sexual e nas relações de gênero, apontando para uma transformação social e política radical. Essas mudanças, que já se encontram em andamento, afrontam as certezas sociais e econômicas que determinam o funcionamento da sociedade, ameaçam as estruturas de poder vigentes e debilitam a autoridade das instituições tradicionais, desde o mercado de trabalho assalariado até a constituição da família nuclear. Para desenvolver sua tese, Penny buscou referências em autores importantes como Shulamith Firestone, Kimberlé Crenshaw, Silvia Federici, Wilhelm Reich e Michel Foucault. Ao longo da obra, a autora discorre sobre democracia, gênero (a autora se declara não binária) e sobre a importância de uma nova política sexual para todas pessoas, sejam elas não-brancas, pretas ou brancas.