Na noite de Páscoa, um recém-nascido, batizado de Pascal, é deixado no jardim dos Ballandra, um casal apaixonado que cultiva as flores raras e não pode ter filhos. De onde vem o bebê? Há o boato de que é filho de um deus. Quando cresce, Pascal parte em busca de suas origens, para compreender o sentido de sua missão na Terra, e acaba por revelar a natureza dos seres humanos e o lugar dos deuses. O Evangelho do novo mundo (Rosa dos Tempos, 294 pp, R$ 64,90 – Trad.: Natalia Borges Polesso) é a oportunidade certa para conhecer o universo mágico e politicamente questionador da autora Maryse Condé. A religião é um tema atemporal e esse romance refresca a tradição do evangelho pela lente do realismo maravilhoso, gênero relevante nas literaturas latino-americana e caribenha. Como nos demais livros de Maryse Condé, este reflete seu ativismo, tecido com beleza, vivacidade, humor e potência. Como estava doente, a autora ditou e depois corrigiu o texto oralmente, construindo este livro como seu último apelo à consciência de nosso destino. Sua lucidez é tão impiedosa quanto sua convicção: a fraternidade e o amor continuam sendo forças extraordinárias e salvadoras.