Inspirada pela obra da bielorrussa Svetlana Aleksiévitch, cuja poética se constitui das vozes de pessoas que entrevistou ao longo da vida, a escritora Cris Vazquez constrói um mosaico de experiências reais e ficcionais de mulheres em seu segundo livro, Desnudas (O Grifo, 176 pp, R$ 44,90). A obra mescla ficção e não ficção, alternando entre contos e relatos de vida de mulheres, cujo mote são as violências sofridas numa sociedade brasileira machista e patriarcal. Baseando-se em entrevistas, em que preserva a voz das depoentes pela metodologia da história oral, Cris Vazquez engendra também a criação de seus contos e propõe uma espécie de jogo de espelhos, em que cada relato é também premissa para a ficção. A partir dos relatos, a autora amplia a discussão sobre temas como violência doméstica, abuso sexual, câncer de mama, transexualidade, deficiência física, maternidade e racismo.