Nascido em uma família de livreiros e com 20 anos de prática profissional no mercado editorial, Tonico Vendrame se prepara para abrir a segunda unidade da Livraria Vamos Ler.

A primeira loja, localizada em Jaú, no interior de São Paulo, abriu em meados de 2017 em um local onde antes funcionava uma revistaria. Levando em conta sua experiência como livreiro, em 2019 decidiu mudar a livraria para uma casa residencial bem localizada de 230 m² e que oferecesse aos leitores um maior conforto.

Além de realizar eventos, lançamentos e oficinas, o plano de Tonico é ampliar o espaço para montar o estacionamento e um café na varanda da casa, onde fica o jardim. “Nesta casa os temas das obras são gerais. Temos um grande foco em história, psicologia, psicanálise, filosofia, sociologia, etcs, menos medicina e livros técnicos”, disse ao PublishNews.

Em maio de 2022, pensando em ampliar seu negócio, Tonico comprou em Barra Bonita - também no interior de São Paulo - o espaço que da segunda unidade da Vamos Ler. Antes funcionando como papelaria, a loja passou por uma reforma e abriu oficialmente as portas como uma livraria em novembro. “Eu, em particular, acredito muito que essas lojas que nos anos 90 foram muito focadas em papelaria possam se tornar referências no mercado adaptando às novas realidades comerciais. Sabemos das dificuldades do mercado e se aparecerem oportunidades novas, acreditamos sim que podemos realizar novos investimentos”, acredita o livreiro.

A escolha de Barra Bonita se deu pela cidade ser hoje uma instância turística e nunca ter tido uma livraria, “eram sempre lojas com um mix de produtos”, lembra Tonico. “Hoje nós montamos essa unidade voltada para o turismo e pensando em continuar nesta mesma missão de ocupar alguns espaços que as antigas bancas de jornais estão deixando. Estes pontos são muitos estratégicos”, reitera Vendrame.

A nova unidade tem 89 m² e mais um espaço para eventos e café de 65 m². A loja conta hoje com 12 mil skus (Stock Keeping Unit) e um total de 15 mil exemplares com um maior foco no público jovem, “com obras young adult, mangás, HQs, board games e presentes. Mas 70% é literatura, 20% games e presentes e 10% papelaria”, conta.

A ideia de Tonico para suas lojas é criar espaços aconchegantes e atraentes para os visitantes. “Eu mesmo que construí, sempre pensando em criar essa harmonia de casa / jardim. Em ambas as lojas, a natureza está sempre presente”, explica. A loja de Jaú, por exemplo, é toda decorada com obras autografadas nas paredes e brinquedos antigos. “Hoje é muito importante a loja ter esse ar de aconchego pois é um modo de ter a sua loja Instagramável, este sempre foi o foco. Dificilmente um cliente não entra em uma das lojas e saca seu celular e tira uma foto dele no ambiente. As pessoas gostam disso e buscam ambientes cada vez mais acolhedores”.

A inauguração oficial da Vamos ler de Barra Bonita ainda não ocorreu, mas Vendrame adianta que se inspira no modelo da Livraria Drummond, em São Paulo, e cita outras lojas que são referências para o seu negócio. “Para chegar neste conceito que estamos aplicando em algumas empresas usamos a primeira Martins fontes - pela simplicidade de empresa e o número de skus; a Livraria Simples do meu amigo Beto, por achar muito legal a forma de conduta sociocultural que ele trabalha; e o sebo Pura Poesia, que ainda não conheço, mas sigo muito a áurea deles, com um ambiente acolhedor e estar sempre próximo ao cliente”, elenca, sem deixar de lado o seu pai ­­Antônio Vendrame, “afinal são 50 anos de dedicação no mercado de Livraria”, relembra.

Com o objetivo de ser uma das maiores lojas em Skus no interior de São Paulo, Tonico adianta que a inauguração oficial da Vamos Ler será em janeiro, fazendo uma homenagem à Geni Guimarães, autora renomada da literatura negra brasileira e que nasceu em Barra Bonita. “O seu livro, A cor da ternura conta a sua vida nos canaviais e fazendas da cidade. Vamos ter uma obra decorando a loja realizada por um artista local”, adianta o livreiro.

Além de todo o trabalho e dedicação para administrar suas lojas, Tonico conta que a resposta do público é “fora de série” e segue firme no propósito de criar ambientes acolhedores para os leitores e com um atendimento diferenciado. “Sabemos que vamos enfrentar diversas situações no mercado com a internet e seus grandes players, mas eu acredito muito que o ambiente, o atendimento e a diversidade vão ajudar muito a manter as lojas vivas”, acredita. “Afinal acho que eu sou um sonhador do mercado livreiro, amo o que eu faço, seja para vender um livro ou cinco mil livros, faço isso com a maior alegria”, finaliza.

Loja de Barra Bonita