Traumas tatuados na pele
PublishNews, Redação, 01/12/2022
André Diniz publica um quadrinho que retrata o burnout, a depressão e o vazio existencial

Ramsés é um tatuador quarentão do centro velho de São Paulo, onde mais de 20 milhões de pessoas sobrevivem em meio à violência, aos contrastes sociais, à poluição sonora e à fumaça gerada por 7 milhões de veículos. Entre o caos urbano e as cobranças da vida moderna, Ramsés aos poucos tem a rotina e o trabalho paralisados por uma fadiga crônica física e mental, uma paranoia crescente que transborda ódio e antigos rancores, tratando inclusive o filho e sua namorada de maneira equivocada. Ao longo da história, o protagonista relembra momentos importantes de sua infância e adolescência no Rio de Janeiro, antes da mudança para São Paulo, a amizade de pensamentos utópicos e idealista com o paulista Jupará, com quem publicava o fanzine Letal. A questão, que parecia já superada, retorna com carga total, junto com outros traumas e fobias. A epidemia de depressão galopante e o consumo excessivo de remédios nas grandes metrópoles são os coadjuvantes dessa história, que é contada com uma voz jocosa e mordaz, evocando as experiências do autor. Com um grito particular de André Diniz, o livro T.A.T.T.O.O. – À Flor da Pele (DarkSide, 224 pp, R$ 69,90) traz uma cicatriz recente e aborda um problema enfrentado em silêncio por muitos de nós: A depressão e o esgotamento mental. Muitas vezes minimizados e não percebidos, os problemas vão levando a pessoa a um sofrimento prolongado de letargia e raiva diante dos enfrentamentos mais simples da vida. Uma condição mental que nos fragiliza e congela diante de tudo e de todos. T.A.T.T.O.O. – À Flor da Pele é uma história capaz de codificar os vazios e aflorar uma compaixão um pouco esquecida nos dias de hoje.

Tags: DarkSide
[01/12/2022 07:00:00]