Usando os exemplos da própria história de vida, Hermann Hesse descreve em verso e prosa os “estágios do desenvolvimento humano”, refletindo sobre a vida da mais tenra infância aos últimos anos, fazendo com que o leitor se reconheça neles. Depois de Sidarta, O lobo da estepe e O jogo das contas de vidro, Hesse lança textos autobiográficos em A magia de cada começo (Record, 182 pp, R$ 59,90). O autor percorre as diversas etapas da existência, desde a infância até a maturidade, revisitando temas caros à sua obra como a cultura oriental e a espiritualidade. O leitor é convidado a refletir sobre estes e outros temas, além de conhecer passagens da vida do próprio autor como o período vivido na cidade universitária de Tübingen, na Alemanha, e na Basileia, na Suíça. Primorosamente vertido do alemão por Lya Luft, o poema Bhagavad Gita é seguido de reflexão pertinente aos dias de hoje: “É lastimável que a maioria das pessoas, enquanto são fortes e jovens, flertem com a violência e só consigam desfrutar da não-violência quando já estão cansadas. Ainda que hoje as armas falem, amanhã ou depois de amanhã o espírito dos povos terá de falar novamente línguas mais suaves e mais complicadas e por toda parte ele escolherá o solo da juventude, da confiança e da esperança, mesmo lá onde esse solo ainda dorme e a terra é desconhecida e incerta”.