Não é novidade que as cerimônias de abertura de Frankfurt adotam um tom político e reafirma sua posição quanto à liberdade de expressão e a democracia. Nesta 74ª edição não foi diferente. Além desses dois temas, a posição da Alemanha e da feira em relação à guerra entre Ucrânia e Rússia foi citada em diversos discursos durante a cerimônia.

Vale lembrar também que em suas cerimônias, a Feira do Livro de Frankfurt sempre contou com a presença e apoio de políticos e nomes importantes. Na noite desta terça (18), Frank-Walter Steinmeier, presidente da Alemanha; Nargess Eskandari-Grünberg, prefeita de Frankfurt; Boris Rhein, Primeiro-Ministro do Estado; e o Rei Felipe VI e a Rainha Letizia da Espanha estavam presentes no evento para discursarem e reforçarem o papel do livro, além dos autores Irene Vallejo e Antonio Muñoz Molina.

Em um formato de bate-papo, os primeiros a subirem ao palco foram Karin Schmdt-Friderichs, presidente da Associação Alemã de Editores e Livreiros, e Juergen Boos, presidente da feira. Na rápida conversa, eles explicaram a importância de trazer a tradução para o centro da discussão este ano e Boos fez questão de lembrar que a edição deste ano é de retomada, com a participação de quatro mil expositores. “Essa feira é sobre diversidade, é sobre dar voz às pessoas marginalizadas. É isso que os livros fazem, é isso que queremos continuar fazendo com esse evento”, afirmou Boos.

Assim como na press conference, Karin deu um rápido panorama sobre a indústria do livro alemã e mundial. Ela destacou que essa indústria sempre se mostrou resiliente e conseguiu sobreviver a pandemia, mas a crise sanitária mundial mal acabou e a crise de energia atingiu o mercado. Karin lembrou que as vendas no final de setembro acabaram 2% abaixo se comparado com o mesmo período durante a pandemia.

Os próximos a subirem ao palco foram Boris Rhein, Primeiro-Ministro do Estado e Nargess Eskandari-Grünberg, prefeita de Frankfurt, que em sua fala reforçou que devemos ser gratos por estamos em uma democracia. Já Boris citou a guerra. “Precisamos entender o que acontece na Ucrânia. Eles não estão lutando por liberdade somente pela Ucrânia, eles estão lutando por liberdade por toda a Europa”, disse trazendo para sua fala a importância do livro em tempos sombrios. “O livro e o melhor caminho para um mundo pacífico. Ditadores sempre começam seus regimes proibindo e queimando livros e sou grado pela IPA por associações que estão comprometidas em proteger esse importante instrumento”, finalizou.

Agradecendo a participação da Espanha como país Convidado de Honra, o Rei Filipe VI frisou que podermos nos encontrar numa feira de livros é sempre uma esperança e reforçou que “graças ao trabalho de muitos, a Espanha é um país comprometido com a liberdade e com todos os fundamentos de uma democracia forte”.

Até o final da semana, a Feira do Livro de Frankfurt terá centenas de atrações pelos pavilhões do seu centro de exposições e pela cidade.