Em 1872, praticamente duas décadas antes do seu conterrâneo Bram Stoker fascinar os leitores com Drácula, o autor irlandês Sheridan Le Fanu, muitas vezes comparado a Edgar Allan Poe, publicou uma intrigante história vampírica com toques de ocultismo. Potente em sua concisão e com duas protagonistas femininas, a novela Carmilla (DarkSide, 292 pp, R$ 69,90 – Trad.: Eneias Tavares) viria a se tornar umas das contribuições mais marcantes da literatura vitoriana de horror. Ambientada em um remoto castelo na Estíria e inspirada no folclore do Leste Europeu, a trama é narrada em retrospecto pela jovem Laura, o que empresta à narrativa um tom confessional e íntimo. Enquanto recorda os misteriosos acontecimentos que ainda a assombram, ela guia os leitores rumo ao passado, quando a bela e sedutora Carmilla entrou em sua vida. Assim, é possível acompanhar a sombria jornada com a mesma inocência que permeia os sentimentos de Laura. Vale ressaltar a aparição de um poderoso personagem para a trama. O barão Vordenburg é um estudioso das lendas vampíricas e considerado por muitos um dos precursores literários de Van Helsing. A edição da DarkSide conta com ilustrações da italiana Isabella Mazzanti.