Uma feminista sem meias palavras
PublishNews, Redação, 23/06/2022
Carambaia recupera 'Virgindade inútil', obra de Ercilia Nogueira Cobra publicada em 1927

Pouco lembrada atualmente, Ercilia Nogueira Cobra foi uma das mais corajosas e avançadas vozes da literatura brasileira nas primeiras décadas do século XX. Sem meias palavras já a partir do título, sua única obra de ficção, Virgindade inútil (Ilimitada / Carambaia, 149 pp, R$ 59,90), é definida por ela como “novela de uma revoltada”. Mistura de sátira, drama e argumentação naturalista, o livro é um libelo feminista contra a dominação patriarcal em todos os aspectos da vida, e principalmente sobre o corpo da mulher. O enredo de Virgindade inútil se passa num país chamado Bocolândia, cujos habitantes são os bocós. Nele, “o analfabetismo é mantido de propósito a fim de que o povo se conserve em permanente estado de estupidez”. A protagonista é Cláudia, moça de “uma dessas famílias do interior que aparentam fortuna e onde o valor da mulher é igual a zero”. Recebe educação apenas para se tornar “o anjo do lar”, aguardando ser “colhida” por um marido. No entanto, com o fim da fortuna familiar e a consequência ausência de dote, ela se vê fadada à vida de solteirona. Depois de ver uma amiga seduzida, abandonada e levada à prostituição, em seguida expulsa da sociedade, Cláudia se cansa do papel relegado às mulheres e decide partir para Flumen, a capital da Bocolândia. Começa então uma trajetória em que se alternam humilhações e o desfrute dos prazeres da vida. O livro pertence ao selo Ilimitada, voltado para autores que ainda não passaram ao domínio público e com tiragem de acordo com a demanda. A capa é de Gabriela Heberle.

[23/06/2022 07:00:00]