Entendendo o sistema meritocrático
PublishNews, Redação, 20/01/2022
Em 'A cilada da meritocracia', professor de direito de Yale demonstra como o sistema meritocrático aprofunda a desigualdade e abre espaço para lideranças populistas

Após a Segunda Guerra Mundial, a expressão “meritocracia” surgiu como uma crítica à sociedade aristocrática, que distribuía benefícios em função da origem e das conexões dos mais privilegiados, sem valorizar “quem mais se esforça”. Nessa nova forma de organização, saudada pelos liberais de mercado e por progressistas daquela época, não havia mais espaço para a distribuição de riquezas, posições e distinções em função da classe social, devendo o mérito se tornar o critério para o reconhecimento. Mas para Daniel Markovits, professor de direito de Yale, o mérito é uma farsa. Com essa frase escrita sem nenhum rodeio, ele começa o livro, A cilada da meritocracia (Intrínseca, 528 pp, R$ 79,90 - Trad.: Renata Guerra). Nele, Markovits analisa a fundo a sociedade norte-americana e destrincha como a meritocracia, no fim das contas, é prejudicial tanto para a elite quanto ― e principalmente ― para a classe média e os pobres. Isso porque, hoje, ela se transformou no que foi concebida para combater: um mecanismo de concentração e transmissão dinástica de riqueza e privilégios. Com prefácio assinado por Oscar Vilhena Vieira, professor fundador da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, A cilada da meritocracia não apenas revela os mecanismos da engrenagem meritocrática, como também demonstra quais seriam os primeiros passos que poderiam nos levar em direção a um mundo novo, mais capaz de proporcionar dignidade e prosperidade às pessoas.

Tags: Intrinseca
[20/01/2022 07:00:00]