A arte que nos rodeia
PublishNews, Redação, 19/08/2021
‘O nervo óptico’, de María Gainza, captura as conexões entre uma pintura e os efeitos que ela pode nos causar

Um tremor insistente no olho direito leva uma mulher à sala de espera do oftalmologista, onde ela se depara com o pôster de uma pintura de Rothko. Quando se detém na imagem vermelha e preta do quadro, sente que o tremor do olho dispara. Nos 11 contos de O nervo óptico (Todavia, 216 pp, R$ 64,90 – Trad.: Mariana Sanchez), da escritora e crítica de arte argentina María Gainza, essa mesma narradora de veia irrequieta põe o leitor diante das mais diversas pinturas – O cervo de Dreux, um autorretrato do artista japonês Foujita, as ruínas poéticas de Hubert Robert ou os cavalos jamais cavalgados por Toulouse-Lautrec. No entanto, o que de fato interessa nessas narrativas é o confronto da vida com a arte e da arte com a vida. Quais histórias precedem uma obra de arte? Que atmosfera elas arrastam? Qual o efeito produzido por esta ou aquela pintura em nossas retinas? Como descrevê-lo? Para negociar com tais questões, a escritora não apenas discute as origens de determinadas pinturas, mas também atina para os deslocamentos que elas podem despertar em nossas sensibilidades e gestos cotidianos.

Tags: Contos, Todavia
[19/08/2021 07:00:00]