Sobre luto e memória
PublishNews, Redação, 24/05/2021
Em 'Atos humanos' a autora Han Kang constrói um mosaico de vozes e pontos de vista daqueles que foram afetados pela tragédia na cidade sul-coreana Gwangju, em 1980

Em maio de 1980, na cidade sul-coreana Gwangju, o exército reprimiu um levante estudantil, causando milhares de mortes. Entre os sobreviventes está o menino Dongho, de apenas 15 anos, que busca seu melhor amigo em meio às vítimas num ginásio onde os cadáveres estão à espera de reconhecimento. O odor é horrível, o clima de desespero é irrespirável, a vida nunca mais será a mesma para ele. A história desse trágico episódio se desdobra em uma sequência de capítulos conectados à medida que vítimas e enlutados encontram a supressão e a negação do massacre. Do melhor amigo de Dongho, que encontra seu próprio fim fatídico, para um editor lutando contra a censura, e até um prisioneiro, um operário, cada um desses personagens sofre de recordações traumáticas. Há também a própria mãe de Dongho, que, por meio de sua mágoa e de atos de esperança, conta a história de um povo brutalizado em busca de voz e de justiça. Construindo um mosaico de vozes e pontos de vista daqueles que foram afetados pela tragédia, Han Kang descortina em Atos humanos (Todavia, 192 pp, R$ 59,90 - Trad.: Ji Yun Kim), um romance poderoso e chocante, e ao mesmo tempo poético e brutal. Mais ainda: é uma ficção universal e moderna sobre a batalha que os mais fracos travam com os fortes na busca pela justiça

Tags: romance, Todavia
[24/05/2021 07:00:00]