Um mapa de si mesmo
PublishNews, Redação, 18/01/2021
Mistura de ficção e memória, ‘A estrangeira’ demonstra que a história de uma família e seus percursos, é, antes de tudo, a narrativa de uma casa que pode estar em todos os lugares

“A história de uma família se parece mais com um mapa topográfico do que com um romance, e uma biografia é a soma de todas as eras geológicas que você atravessou”, anota a narradora de A estrangeira (Todavia, 256 pp, R$ 64,90 – Trad.: Francesca Cricelli). Entre a Basilicata e o Brooklyn, de Roma a Londres, da infância ao futuro, este romance de Claudia Durastanti é uma aventura — muito pessoal — que combina novas e velhas migrações. Filha de pais surdos que se opõem à sensação de isolamento com uma relação tão apaixonada quanto raivosa, a protagonista vive uma infância febril, algo frágil, mas capaz, como uma planta teimosa, de deixar raízes em todos os lugares. Descendente de uma família de imigrantes que trocou a Itália pelos EUA, ela nasceu no Brooklyn. Mais tarde voltou com a mãe para a aldeia da família na Itália. Adulta, se muda para Londres. Em todos esses lugares, a mesma sensação: a de ser estrangeira. Mas a menina que se tornou adulta não para de traçar novos caminhos migratórios: para o estudo, para a emancipação, para o amor irremediável. A alteridade se torna parte de seu espírito.

Tags: romance, Todavia
[18/01/2021 07:00:00]