Âyiné publica livro de reflexões de Didier Eribon
PublishNews, Redação, 29/09/2020
Biógrafo de Foucault reflete sobre sua origem social a partir de reencontro com seu passado, depois de 30 anos de rompimento com a família. Uma obra que vai muito além do campo da sociologia

Retorno a Reims (Âyiné, 300 pp, R$ 89,90 – Trad.: Cecilia Schuback), do filósofo Didier Eribon, entrelaça reflexão sociológica e memória autobiográfica a partir do retorno, depois da morte de seu pai, a Reims, sua cidade natal, e o defrontamento com seu ambiente de origem, com o qual havia praticamente rompido 30 anos antes. No livro, o filósofo mergulha no passado para retraçar a história de sua família, à medida que se dá conta de que a ruptura não se deveu exclusivamente a sua homossexualidade ou à homofobia que pairava no ambiente doméstico, mas também à vergonha que ele sentia de sua origem social. Ao evocar o mundo operário de sua infância, reconstituindo sua ascensão social e sua vida intelectual a partir dos anos 1950, o filósofo e sociólogo francês combina a cada parte desse relato íntimo e comovente elementos de uma reflexão sobre classes, sistema escolar, formação das identidades, sexualidade, política, democracia e a mudança do padrão de votos da classe operária — que é ilustrada por sua própria família que troca sua lealdade pelo Partido Comunista por partidos de direita e até de extrema-direita. Ao reinscrever assim as trajetórias individuais nos determinismos coletivos, Didier Eribon se questiona sobre a multiplicidade de formas da dominação e, portanto, da resistência.

[29/09/2020 07:00:00]