Desde as determinações para o fechamento do comércio como medida de contenção da disseminação do coronavírus, livreiros e distribuidores têm enviado a seus fornecedores e-mails em que informam a suspensão ou o alongamento de prazos de pagamentos. Em alguns casos, a suspensão do envio de acertos. O PublishNews teve acesso a alguns desses e-mails, enviados por Cultura, Saraiva, Blooks, Leonardo Da Vinci, Livraria da Tarde, Livraria da Vila e das distribuidoras A Página e Catavento.
Diante deste cenário, um grupo que se intitulou Juntos pelo Livro se reuniu virtualmente no último domingo (22) para elaborar uma carta a livreiros e distribuidores. A carta é assinada por 102 editoras, de diferentes portes.
No documento, que pode ser acessado aqui, os editores reconhecem o “momento de extrema dificuldade que afeta a todos”. No entanto, eles argumentam que “os valores das vendas a consumidores realizadas até a semana passada já estão disponíveis nos caixas, independentemente da forma de pagamento, se à vista, em dinheiro, boleto, depósito em conta ou cartão de débito, ou mesmo cartão de crédito, mediante antecipação de recebíveis”.
E completam: “Atender a tais demandas nos impossibilitaria de manter nossos negócios, uma vez que haveria um primeiro trimestre com recebíveis pendentes de pagamento, ou com prazos incompatíveis com um fluxo de caixa minimamente saudável ou, pior ainda, sem emissão das faturas de março, eliminando qualquer possibilidade de solicitarmos novas linhas de crédito ou de ampliá-las devido à quebra de faturamento e piora da qualidade da carteira de cobrança”.
Diante deste cenário, os assinantes do documento propõem o pagamento de faturas dos acertos de consignação dos meses pré-crise (janeiro e fevereiro) nas condições comerciais anteriormente negociadas e o envio de acertos da consignação referente ao mês de março.
“Caso os acertos não sejam enviados conforme propomos, consideraremos a postura uma quebra de confiança em nossas relações comerciais, acarretando eventuais consequências administrativas e jurídicas. Estamos dispostos a discutir alternativas e estratégias que façam a cadeia do livro superar essa nova tormenta, a exemplo do que fizemos com frequência nos últimos anos. No entanto, a conta de outro eventual ajuste não nos pode ser integralmente repassada, nem as premissas que regem a parceria subitamente quebradas, o que representaria um sério risco à sobrevivência do nosso mercado. Acreditamos que juntos, com diálogo e compromisso, iremos superar este momento desafiador”, conclui a carta.